O diabetes tipo 2 é uma epidemia mundial que atinge, muitas vezes de forma silenciosa, mais de 347 milhões de pessoas em todo o mundo. Considerando que o sobrepeso e obesidade, principalmente em pacientes que possuem depósito de gordura abdominal (obeso maligno), estão relacionados ao desenvolvimento do diabetes tipo 2, torna-se ainda mais preocupante saber que 35% dos adultos no mundo possuíam sobrepeso em 2008 e que a prevalência de obesidade quase dobrou entre 1980 e 2008, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A gordura localizada na região do abdome afeta negativamente a saúde, aumentando a inflamação nos órgãos e dificultando a ação da insulina. Esse tecido adiposo visceral diminui a quantidade de adiponectina no organismo, um hormônio essencial para promover o aumento da sensibilidade insulínica, absorção de glicose e efeitos anti-inflamatórios relacionados inclusive à diminuição da aterogênese e à proteção cardiovascular.
Este estado pró-inflamatório, além de aumentar a resistência à ação da insulina, provoca alterações no metabolismo de ácidos graxos e favorece ao desenvolvimento da Síndrome Metabólica com aumento da pressão arterial e da glicemia, aumento dos triglicérides e diminuição do HDL – colesterol associados ao aumento do risco cardiovascular e morte.
Segundo a Dra. Tarissa Zanata Petry, endocrinologista do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o tratamento do diabetes tipo 2 deve ser voltado ao tratamento das causas doença de acordo com a necessidade clínica de cada indivíduo. Atualmente, existem muitas medicações para auxiliar no controle da glicemia, cada uma agindo em determinado “defeito” que juntos levam à hiperglicemia. Geralmente, o médico recorre à associação de diferentes medicamentos para promover o controle efetivo da doença. “Como o diabetes melito é uma doença progressiva, com o passar do tempo, o pâncreas vai sofrendo morte celular e deixa de suprir a demanda de produção de insulina. Em determinada fase, o paciente precisa recorrer a aplicações de insulina para atender às necessidades do organismo”, afirma Dra. Tarissa.
O tratamento clínico, considerando as inovações terapêuticas, só permite o real controle da doença se o paciente adotar uma rotina mais saudável. “A associação entre o tratamento medicamentoso e a mudança do estilo de vida deve fazer parte da receita do médico, porque permite um controle maior da glicemia e retarda a progressão da doença”, reforça a especialista.
A médica ressalta ainda que, além da mudança do estilo de vida e do tratamento clínico convencional, em alguns casos, a cirurgia metabólica está indicada para auxiliar o controle do diabetes tipo 2, mesmo em pacientes não obesos mórbidos. Esse procedimento envolve, principalmente, a modificação do trânsito dos alimentos pelo tubo digestivo e a diminuição da resistência dos tecidos à ação da insulina, independentemente da perda de peso. Contudo, é importante que esse procedimento seja realizado de forma segura, por uma equipe qualificada e com o apoio de uma estrutura adequada, para minimizar os riscos.
No Brasil, a eficacia da cirurgia metabólica em pacientes não obesos mórbidos (com IMC menor que 35 kg/m²) como opção terapêutica para controlar o Diabetes tipo 2 foi comprovada em uma pesquisa realizada em 2012 pelo Instituto de Educação e Ciências em Saúde (IECS) do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Liderado por Dr. Ricardo Cohen, Coordenador do Centro de Obesidade e Diabetes, o estudo demonstrou o controle da doença em 88% dos pacientes e com expressiva melhora em 11% com seguimento a longo prazo, mais de 6 anos, sendo o maior tempo de seguimento publicado nessa população.
Uma pesquisa inédita está sendo conduzida pelo Dr. Ricardo Cohen e também realizada pelo IECS, com o objetivo de comprovar os benefícios do tratamento cirúrgico em comparação ao melhor tratamento clínico para doenças microvasculares (retinianas, renais e neuropatias) decorrentes do Diabetes tipo 2. Com previsão de conclusão para 2015, a investigação inclui pacientes com história de Diabetes de até 15 anos e com IMC entre 30 e 35 kg/m². A pesquisa está em fase de recrutamento. Os pacientes que atenderem aos critérios e tiverem interesse em participar devem entrar em contato pelo e-mail: obesidade@haoc.com.br.
Sobre o Hospital Alemão Oswaldo Cruz
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz, um dos melhores centros hospitalares da América Latina, é referência em serviços de alta complexidade, com foco em Oncologia, Doenças Circulatórias, Doenças Digestivas, Ortopedia e Traumatologia. Fundado em 1897 por um grupo de imigrantes de língua alemã, o Hospital possui uma das maiores casuísticas do país e concentra seus esforços na busca permanente da excelência do atendimento integral, individualizado e qualificado ao paciente, além de investir fortemente no desenvolvimento científico, por meio do ensino e da pesquisa.
Com mais de 96 mil m² de área construída, o Hospital dispõe de 327 leitos de internação, sendo 22 salas de cirurgia, 44 leitos na Unidade de Terapia Intensiva e Pronto Atendimento 24 horas. Além disso, oferece uma das mais qualificadas assistências do país e Corpo Clínico renomado, para que os pacientes tenham acesso aos mais altos padrões de qualidade e de segurança no atendimento, atestados pela certificação da Joint Comission International (JCI) – principal agência mundial de acreditação em saúde.