Hospital Alemão Oswaldo Cruz explica os sintomas e os tratamentos para a alergia a borracha.
A alergia ao látex é uma reação cada vez mais comum em clínicas, hospitais e estabelecimentos de saúde. O látex é uma seiva extraída da seringueira (Hevea brasiliensis) e que coagula na exposição ao ar. Esta seiva é usada para produção de borracha natural, encontrada em mais de 40.000 produtos industrializados.
Apesar da prevalência de sensibilização pelo látex na população geral ser menor do que 1%, ela pode chegar a 30% em grupos de risco específicos. Os principais grupos de risco para a alergia ao látex são os pacientes submetidos a múltiplas cirurgias, como os portadores de espinha bífida – má formação congênita do Sistema Nervoso Central –, os trabalhadores da área da saúde, os operários da indústria do látex e os seringueiros.
Existem dois tipos de alergias ao látex. O primeiro tipo, o mais comum, é a dermatite de contato que é desencadeada por substâncias químicas que são adicionadas ao látex na produção da borracha. Os sintomas são prurido, eritema, edema e, ocasionalmente, pequenas bolhas, principalmente nas mãos. O segundo tipo, mais raro, mas muito mais grave, é a alergia tipo anafilática. Esta é uma reação às proteínas contidas na borracha, que, quando em contato com a pele, aspirada ou ingerida, pode causar urticária de contato, conjuntivite, rinite, crises de asma e até, em casos mais graves, choque anafilático.
“A anafilaxia ao látex começou a ganhar a atenção de especialistas nos anos 80, graças à popularização do uso de luvas e preservativos, com o início da epidemia de AIDS. Desde essa época, a alergia teve progressivamente mais casos registrados” afirma o dr. Pedro Bianchi, alergista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
A alergia se desenvolve, na maioria dos casos, após exposição prolongada e repetitiva ao alérgeno, que causa a reação. A urticária, por exemplo, é uma reação que aparece em 87% dos casos. “Nesse momento, é preciso interromper o uso de qualquer objeto contendo látex imediatamente”, explica a enfermeira Jeane Bronzatti, do Centro Cirúrgico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, que indica ainda consulta posterior com um médico alergista ou dermatologista. Para evitar quadros mais graves, é importante estar ciente da hipersensibilidade e tomar os cuidados possíveis, já que a prevenção é muito difícil devido ao grande número de objetos, de uso cotidiano da população, que contém o látex em sua composição.
O que torna a vida do paciente alérgico ao látex mais complicada é que 30 a 40% destes também apresentam reações cruzadas com alimentos, como as frutas e legumes, e os polens, devido a similaridade entre estes vegetais. Pessoas que já possuem alergias aos alimentos e polens também têm maior chance de desenvolver alergia ao látex.
Recentemente, o Colégio Americano de Alergia, Asma e Imunologia (ACAAI) classificou a alergia ao látex como problema de saúde pública e uma doença ocupacional. Devido a crescente incidência desse tipo de sensibilidade, a indústria já vem criando alternativas ao látex, como vinil, silicone, algodão, nitrile e poliisopreno sintético (presente na alternativa para luvas, camisinhas, entre outros produtos), fazendo crescer o mercado do latex-free. Nos Estados Unidos e em diversos países europeus o látex vem sendo retirado progressivamente do ambiente hospitalar.
O melhor manejo da alergia ao látex é a prevenção. Pacientes que sabidamente terão que realizar múltiplas cirurgias, deverão realizá-las em salas cirúrgicas látex-free. O mesmo ocorre com os pacientes alérgicos que devem evitar todos os produtos que contenham látex. Em casos específicos, como na alergia ocupacional dos profissionais da saúde, pode se tentar a dessensibilização (“perda da sensibilidade”), procedimento que tem que ser realizado por alergista.