São Paulo, 27 de dezembro de 2022 – Muitas pessoas que não têm o hábito de fazer atividade física com regularidade elegem os finais de semana e as férias para praticá-la, mesmo sem ter preparo adequado ou passar por uma avaliação médica prévia.
Algumas se arriscam a iniciar ou sair praticando esportes diversos e, ainda, a participar de competições e provas de diferentes modalidades – a exemplo da corrida de São Silvestre, que tradicionalmente acontece no último dia do ano e reúne corredores amadores de várias partes do país.
Segundo o Dr. Gabriel Pecchia, ortopedista especializado em trauma do esporte do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, praticar atividade física esporádicas aumenta o risco de lesões e de mal súbito, já que o corpo não está preparado para um esforço acima do usual. “A primeira coisa que a pessoa deve fazer quando decide se exercitar é uma avaliação geral, de preferência multidisciplinar, para analisar as condições dos músculos, das articulações e do sistema cardiopulmonar, para saber se está realmente apta àquela prática esportiva”, explica o especialista.
O ortopedista acrescenta que é importante realizar um trabalho de base, independentemente do esporte escolhido, que possibilitará um preparo muscular e cardiorrespiratório, importantes para o bem-estar e para a obtenção de resultados do exercício físico. E para quem tem poucas oportunidades de praticá-lo, a recomendação é tentar incluir no dia a dia atividades de baixo impacto.
“Exercícios na água e bicicleta são boas opções, já que também trabalham a parte cardiorrespiratória e a musculatura, mas têm menos impacto do que uma corrida, por exemplo. Essas atividades fortalecem os músculos e ajudam a proteger as articulações, melhorando o rendimento físico, reduzindo o índice de lesões (musculares e ligamentares) e diminuindo a chance de sobrecarga”, aconselha.
Para os adeptos da corrida, sejam amadores ou profissionais, o Dr. Pecchia reforça a importância de um bom preparo físico e de não extrapolar os limites do corpo.
“A São Silvestre, por exemplo, é uma prova longa e exige que o corredor esteja preparado. Para fazer uma prova dessas é preciso preparo de, no mínimo, um ano da prática regular de exercício, com acompanhamento especializado. Não dá para decidir fazer “uma corridinha” e correr a São Silvestre”, explica o ortopedista.
Ele destaca ainda a importância de usar um tênis com amortecimento e adequado à pisada de cada indivíduo. Outro ponto fundamental para quem está começando é escolher um terreno regular, sem muitas inclinações e fazer a progressão do treino com planejamento e a ajuda de um profissional. Também não se esquecer da hidratação.
A pandemia e as particularidades para praticantes de esportes
Ainda de acordo com Dr. Gabriel Pecchia, muitas pessoas que faziam atividade física, mas tiveram que parar por conta da pandemia da Covid-19, têm procurado o consultório já apresentando dores na volta à prática. Elas deixaram de se exercitar, perderam musculatura e, na hora que tentaram seguir, começaram a sentir dores. “O ideal para evitar esse tipo de problema é iniciar um trabalho de fortalecimento, antes de voltar à atividade. Essa retomada deve acontecer de forma progressiva e sem exageros. E em caso de dores, consulte um especialista. Também é válido procurar um profissional que possa graduar essa atividade, já que as dosagens e quantidades de exercícios são diferentes para cada pessoa. Mas é fundamental não deixar de praticar esporte, sempre respeitando os próprios limites”, orienta o ortopedista.