Uma lancinante faz a pessoa, na mesma hora, examinar o que está acontecendo de errado com o seu dedão do pé. E, vendo-o todo inchado e vermelho feito um pimentão, irá coçar a a cabeça, tentando achatando deu uma topada dolorosa, mas não encontrará esse momento na memória.
Ficará por isso mesmo, isto é, se ela não procurar o médico por causa da dor à beira do insuportável ao andar para cima e para baixo. Tudo irá passar dez, quinze dias depois, mesmo sem o dono do dedão mexer uma palha — dono, digo eu, porque é bem mais frequente isso acontecer nos homens. E precisará, quem sabe, essa história se repetir para ele ir ao médico desconfiando de que a causa não é uma quina de mesa qualquer. E talvez se surpreenda ouvindo o diagnóstico: gota.
Só de ouvir “gota”, a gente imagina uma pessoa mais velha, com tornozelos ou joelhos inchados feito uma bola. “Nos últimos 20 anos, o número de pessoas com esse problema vem aumentando muito. E não há só um salto de quantidade, mas uma mudança de perfil. Hoje, boa parte dos pacientes são adultos jovens”, diz o reumatologista ceaerense Antonio Silaide, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.