Você sabia que nossos sentimentos podem afetar nosso corpo? Entenda melhor a psicossomatização e saiba quais são os sintomas físicos causados pelos diferentes estados emocionais
A ligação entre mente e corpo e como um afeta o outro é um tema que gera bastante curiosidade no meio médico. Nas últimas décadas, intensificaram-se os estudos e as pesquisas sobre como as emoções e os sentimentos influenciam o corpo com manifestações físicas e até mesmo doenças. Há pouco mais de cinco anos, pesquisadores da Universidade de alto, na Finlândia, conduziram um estudo com 700 pessoas que mostrou que as emoções mais comuns dos seres humanos – como raiva, medo, felicidade e ansiedade – desencadeiam sensações intensas em diversas partes do corpo. E o mais interessante: os relatos dos sintomas e suas localizações eram muito similares, provando que, independentemente de gênero, cultura e hábitos de vida, todos nós reagimos fisicamente de forma parecida.
Para Danilo Faleiros, psicólogo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a psicossomatização – termo que expressa a concepção de que sintomas físicos têm origem na mente e vice-versa – é um contraponto para a visão de que só a parte biológica e os hábitos afetam a saúde do indivíduo. Hoje, estuda-se como as emoções podem influenciar tanto na definição de comportamentos de riscos (nossos hábitos de vida) como também diretamente (por mecanismos neuroendócrinos), em doenças como o câncer e o diabetes, além de problemas gastrointestinais, respiratórios e cardiovasculares.
E há mais elementos que interferem nessa equação. “Hoje, com a tecnologia, vemos que somos muito mais do que um corpo que funciona de forma programada e independente”, explica Danilo. “Somos seres multidimensionais e em constante transformação. Não se trata apenas de aspectos físicos ou psicológicos. Essas dimensões associadas às questões sociais e espirituais são capazes de influenciar inclusive no funcionamento dos nossos genes, do nosso DNA – as chamadas alterações epigenéticas.” O estudo contemporâneo da psicossomatização mostra que problemas de ordem psíquica podem se aliar a outros aspectos sociais para compor um diagnóstico. Faleiros exemplifica: uma pessoa que deixa de se alimentar adequadamente ou se queixa de dor de estômago pode ser geneticamente mais suscetível a exacerbar preocupações, o que pode influenciar diretamente no funcionamento do estômago. “E o problema se retroalimenta: a preocupação causa a dor de estômago que, por sua vez, gera ainda mais estresse”, explica o psicólogo. Em ambientes de muita pressão, como os grandes centros urbanos, esses sintomas se intensificam ainda mais, contribuindo para o quadro.
Os sinais que a mente dá no corpo do apaixonado são tão clássicos que viraram até lugar-comum de desenho animado. Sudorese, redução de apetite, frio na barriga, batimentos cardíacos acelerados são alguns dos sintomas que indicam que o amor chegou
O famoso “frio na espinha” de quem está com medo ou em estado de alerta não é à toa: arrepios e calafrios fazem parte da resposta do corpo a situações potencialmente de risco. Sudorese exacerbada, palpitações, aceleração no ritmo cardíaco e até dormência e formigamento nas mãos, nos pés e no rosto também compõem o quadro físico
Vem acompanhada por uma série de hormônios, como a dopamina e a endorfina. Como a maioria das emoções, também altera os batimentos, mas com uma sensação de euforia que “esquenta” o corpo todo.
Frio na barriga ou até dor de estômago são sintomas bem comuns para os ansiosos. Essa emoção pode causar também taquicardia, redução do apetite, boca seca, respiração ofegante, falta de ar e náusea.
Quando as coisas não vão bem, o corpo também se manifesta – desta vez, sem a intensidade do coração acelerado e da respiração ofegante, mas, nem por isso, com sintomas mais amenos. Mudanças no apetite e no peso, fadiga, dores na cabeça e no corpo, tensão na nuca e nos ombros e até imunidade baixa podem fazer parte do quadro de tristeza.
A ira gera uma descarga intensa de sensações – não é para menos, já que o corpo entende que precisa se preparar para uma batalha. Um ataque de fúria pode durar pouco, mas provoca uma verdadeira revolução: coração disparado, suor, fluxo intenso de sangue para a cabeça e para as mãos e mandíbula cerrada. Em casos mais intensos, pode ocorrer até perda de visão periférica.