Dr. Bruno Benigno, coordenador de uma das equipes de Urologia do Hospital Oswaldo Cruz, foi um dos especialistas presentes no evento que aconteceu nos dias 19 e 20 de janeiro em Antibes; novidades animam na parte de diagnóstico e tratamento menos invasivo
O Prostate Cancer Masterclass 2024, que aconteceu na semana passada na França, trouxe muitos avanços e novidades sobre câncer de próstata. No evento, foram feitas várias análises do que foi conseguido em 2023 e projeções para 2024, para o Brasil e diversos países do mundo.
Uma delas é o avanço da biópsia líquida, que não precisará mais de tecido, apenas sangue. Algo como um DNA do tumor. Dr. Bruno Benigno destaca essa novidade, que tem gerado crescente interesse e resultados interessantes. “Uma das maiores dificuldades que médicos e pacientes passam é a avaliação das características genéticas do tumor, que muda no decorrer do tratamento. O câncer de próstata pode adquirir mutações genéticas que vão acumulando no decorrer das múltiplas linhas de tratamento e a escolha do melhor tratamento em cada caso, muitas das vezes, requer a realização de uma biópsia, que é um procedimento invasivo”, explica.
Estudos recentes investigam a capacidade da biópsia líquida, que nada mais é do que amostra de sangue retirada do paciente, método pouco invasivo, com capacidade de identificar alterações genéticas nos tumores do câncer de próstata, trazendo informações relevantes a respeito de prognóstico e sobre a escolha de opções terapêuticas para cada caso.
Os testes genéticos têm se tornado cada vez mais relevantes, não apenas em cenários avançados, mas também em estágios iniciais da doença. Cerca de 10 a 20% dos pacientes com câncer de próstata apresentam alterações genéticas em genes de reparo de DNA, abrindo portas para tratamentos mais personalizados e eficazes.
“A possibilidade da biópsia líquida diminui o desconforto do paciente cada vez que faz uma biópsia de um foco do tecido tumoral ou mesmo dos focos de metástases”. Benigno destaca que outro ponto importante é a redução de custos que esse método pode trazer quando utilizado em larga escala e a possibilidade dos médicos avaliarem mudanças nas características genéticas do tumor no decorrer da evolução da doença. Assim, segundo ele, há possibilidade de acompanhamento em quase tempo real sobre o comportamento biológico do tumor.
Segundo Benigno, as limitações ainda esbarram nas questões de custos e mais estudos científicos que validem a confiabilidade dos achados da biópsia líquida em pacientes portadores de câncer de próstata, mas o futuro é promissor. “No Brasil, a biópsia líquida ainda não está disponível de forma comercial, mas já vem sendo empregada em protocolos de estudos científicos. Se comprovada sua validade e praticidade, pode se tornar um grande avanço no acompanhamento, personalização e direcionamento do tratamento do câncer de próstata”, completa.
“Para homens enfrentando o câncer de próstata, os avanços nos tratamentos, tanto para doenças localizadas quanto avançadas, são notáveis. Hoje, pacientes têm acesso a cirurgias mais eficientes, radioterapias aprimoradas e possibilidade de tratamentos com menos efeitos colaterais. Com avanços em tratamentos, diagnósticos e terapias personalizadas, estamos entrando em uma era onde pacientes vivem mais e melhor”, conclui.
Um dos chefes de Urologia do Centro de Oncologia e do Centro de Urologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP), fundador da Clínica Uro Onco em São Paulo, especialista no tratamento do câncer do sistema urinário (masculino e feminino) e sistema reprodutor masculino, do câncer de próstata, rim, bexiga, testículos e cálculos do sistema urinário. Tem subespecialização em Cirurgia Robótica, Laparoscopia e Terapia Focal (HIFU).