O que você precisa saber sobre a escoliose

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Hoje, mais de 6 milhões de brasileiros são diagnosticados com escoliose. E, apesar de ser fato conhecido que se trata de um desvio na coluna lombar, pouca gente sabe quais são as características dessa doença, seus tipos e tratamentos disponíveis. Conversamos com o Dr. Marcelo Risso, ortopedista e cirurgião de coluna no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, para entender melhor o que é a escoliose e quais os tratamentos ideais para cada caso, garantindo mais qualidade de vida aos pacientes

Dr. Marcelo Risso,
Ortopedista e cirurgião de coluna no Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Dr. Marcelo Risso

O que é a escoliose?

De modo geral, a escoliose é um desvio lateral da coluna. Existem diferentes classificações, mas damos mais importância clínica às escolioses acima de 10 graus. Temos uma escala que vai de 10 a 50 graus, sendo que até 10 é muito leve, de 10 a 20 é leve, de 20 a 40 é moderado, e acima de 50 é considerado grave.

E quais são suas causas?

Existem várias causas possíveis. A escoliose mais comum é a chamada idiopática, cuja causa desconhecemos. Cerca de 80% das escolioses são idiopáticas. Os outros 20% podem estar relacionadas a doenças neurológicas, alterações de movimento, equilíbrio, ou paralisia cerebral, que desencadeiam um desequilíbrio da musculatura na coluna. Há também malformações congênitas das vértebras, que não se formam adequadamente na fase embrionária. Outras causas podem ser relacionadas a doenças, sequelas de fraturas, infecções da coluna, ou processos degenerativos em adultos, geralmente acima dos 50 anos.

A escoliose só se manifesta mais tarde na vida?

As escolioses congênitas se manifestam logo na primeira infância, podendo ser descobertas até os cinco anos ou até mesmo no útero através de técnicas de acompanhamento pré-natal.

Então existem algumas escolioses que são descobertas bem precocemente. As congênitas especialmente. Mas existem outras causas que podem estar relacionadas a outras doenças. Há casos de escolioses que acometem a coluna por uma sequela de fratura, quando, por exemplo, a pessoa sofre um acidente e tem uma lesão na coluna, isso pode ocasionar uma escoliose. Outras vezes podem ser infecções da coluna. E tem um tipo de escoliose que chamamos de escoliose do adulto, que é degenerativa: o indivíduo sofre um processo degenerativo de vários discos intervertebrais, o que pode acabar produzindo uma escoliose. São, normalmente, pessoas com mais de 50 anos. Então são várias causas. Falando da escoliose idiopática especificamente, existem algumas questões que favorecem sua existência. Então, embora a gente não tenha uma causa definida, entendemos que é uma doença que tem fatores genéticos envolvidos. Especialmente porque indivíduos da mesma família têm mais chances de ter escoliose, isso é bem definido na literatura médica. Outro dado relevante é que é uma patologia que acomete mais meninas e mulheres. O sexo feminino representa entre 70% e 80% das causas de escoliose idiopática.

Existe algum estudo que explique por que a prevalência é maior em mulheres?

Ainda não temos grandes estudos populacionais conclusivos especialmente por serem muito custosos.  Mas uma das coisas mais estudadas em ortopedia é a causa da escoliose e há evidências de que tem relação genética, ligada ao cromossomo X o que justifica maior manifestação em meninas. A partir destas evidências existem inclusive exames genético de rastreamento.

Mas esse rastreamento seria apenas para caráter informativo e de vigilância ou é possível fazer algum tipo de tratamento preventivo?

O rastreamento pode identificar a ocorrência da escoliose e proporcionar um tratamento menos agressivo no momento certo. Escolioses com até 40 graus em indivíduos em crescimento podem ser tratadas com colete e fisioterapia específica. Mas esses tratamentos são eficazes apenas para casos identificados de forma precoce. Em casos mais avançados ou descobertos tardiamente, o tratamento cirúrgico pode ser a única alternativa.

Como funciona a cirurgia? Vai corrigir o problema ou vai dar uma condição para o paciente ter mais qualidade de vida?

O primeiro objetivo da cirurgia é impedir a progressão da doença e, na maioria das vezes, conseguimos corrigir a escoliose significativamente. Dependendo do planejamento, podemos reduzir curvas de 80 graus para 20 ou menos, por exemplo

Como é a cirurgia?

A cirurgia é de grande porte, geralmente feita pela via posterior, e pode ser necessário realizar mais de uma cirurgia em escolioses mais graves. Muitas vezes, no planejamento da cirurgia, decidimos não fazer uma correção total, por diversos fatores, inclusive pela segurança neurológica do paciente.

E o pós? Existe uma tendência dessa coluna voltar para a antiga curvatura?

A escoliose em si não causa dor da infância à adolescência, mas pode favorecer desgastes na coluna mais tarde, principalmente se combinada com maus hábitos posturais.

Elas não sentem dor?

A escoliose em si não causa dor da infância à adolescência, mas pode favorecer desgastes na coluna mais tarde, principalmente se combinada com maus hábitos posturais.

A pessoa que tem escoliose e não entra nesse critério cirúrgico pode querer fazer a cirurgia pela questão estética?

A autoestima e a estética são motivos relevantes. Muitas vezes, a escoliose causa um desvio aparente do tronco, afetando a autoimagem e gerando questões emocionais que motivam a busca pela cirurgia. Então esses casos também precisam ser manejados com cuidado, pois isoladamente, a motivação estética não motiva a indicação cirúrgica

Além da escoliose congênita, o problema também pode estar relacionado à postura?

Existem escolioses posturais ou funcionais, que são transitórias e não causam rotação das vértebras. Podem estas relacionada à dor, contraturas musculares, hérnias de disco, traumas entre outras causas. Elas podem ser resolvidas com fisioterapia, RPG, atividade física, mudança de hábitos ou tratamento da dor.

No caso de crianças e adolescentes, como os pais chegam a uma suspeita? E como esse diagnóstico é confirmado?

Normalmente, a escoliose é percebida por pediatras em visitas de rotina, professores de educação física, ou alguém que não convive diariamente com a criança. O diagnóstico é confirmado através de exame físico e radiografia.

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