Cerca de 16 mil homens morrem no Brasil por ano em decorrência de tumores de próstata, que é o tipo de câncer com maior mortalidade entre indivíduos do sexo masculino no país, segundo dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer). Ainda segundo a instituição, devem surgir aproximadamente 72 mil novos casos da doença entre os anos de 2024 e 2025.
Com números tão alarmantes, uma pergunta fica no ar: os homens estão cuidando da saúde? E por que não?
“De uma maneira geral, estamos, hoje, muito menos machistas e preconceituosos com relação à sexualidade masculina do que já fomos, mas ainda há comportamentos que refletem o preconceito, que está atrelado a características específicas da própria investigação do quadro, como o exame de toque retal”, diz o Dr. Alaor Carlos de Oliveira Neto, coordenador do Serviço de Psiquiatria do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Para ele, o exame, que permite detectar alterações na próstata, causa rejeição por levantar questionamentos sobre virilidade e masculinidade.
“Percebemos que este homem é o líder da família, tenta não demonstrar fraqueza e pensa que precisa estar sempre forte. Assim, a revelação vem por uma filha ou pela esposa. A primeira mensagem é: não espere ter sintomas para ter um diagnóstico de câncer de próstata. Quando surgem sintomas, a situação é mais grave”, completa Dr. Ariel Kann, head do Centro Especializado em Oncologia Clínica no Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Para desmitificar o tema, apresentamos algumas coisas que todos precisam saber sobre a doença, principalmente os homens.
O câncer de próstata afeta homens de todas as idades
Embora a incidência seja maior após os 50 anos, o câncer de próstata pode ocorrer em qualquer idade, até mesmo antes dos 40. Cerca de 62% dos diagnósticos acontecem em homens com mais de 65 anos, mas fatores como histórico familiar e obesidade aumentam o risco em qualquer fase da vida.
Sim, o exame de toque retal é indispensável para o diagnóstico
O exame de toque retal é um procedimento simples, rápido e indolor, realizado para palpar a próstata e verificar se há alterações em seu tamanho, forma ou consistência. Ele é essencial para complementar o exame PSA, pois permite identificar lesões que podem não ser detectadas pelo teste de sangue.
Além disso, o exame de toque retal pode ajudar a definir a necessidade e a localização da biópsia da próstata, que é o único exame capaz de confirmar o diagnóstico de câncer. Portanto, ambos os exames devem ser realizados juntos para uma detecção eficaz, uma vez que são complementares.
Como identificar os sinais do câncer de próstata
Nos estágios iniciais, o câncer de próstata é geralmente assintomático. Quando surgem, os sintomas podem ser confundidos com outras condições, como infecções urinárias ou hiperplasia benigna da próstata. Os sinais incluem: dificuldade ao urinar, fluxo fraco, necessidade de urinar com frequência, dor ao urinar, presença de sangue na urina ou no sêmen, dor pélvica ou lombar e disfunção erétil. Portanto, é essencial realizar exames regulares, mesmo na ausência de sintomas.
O histórico familiar aumenta o risco, mas aproximadamente 85% dos casos ocorrem em homens sem parentes diagnosticados. Além disso, fatores como alimentação inadequada, sedentarismo e obesidade têm um papel importante no desenvolvimento da doença.
Embora não haja uma forma de prevenir o câncer de próstata, algumas medidas podem reduzir o risco ou facilitar o diagnóstico precoce: manter uma alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras e grãos integrais; evitar gorduras em excesso; consumir alimentos ricos em licopeno (como tomate); praticar atividades físicas; moderar o consumo de álcool; não fumar; e realizar check-ups regulares.
A cura desse mal
O câncer de próstata tem cura, sim, desde que seja diagnosticado precocemente e tratado adequadamente. As chances de cura chegam a 90%. Os tratamentos incluem cirurgia, radioterapia, braquiterapia, hormonioterapia e quimioterapia, e a escolha do tratamento considera o estágio da doença, o tipo de tumor, a idade e a saúde geral do paciente. O objetivo do tratamento é eliminar o tumor, preservar a função sexual e urinária e evitar as complicações da doença.
Atenção, MULHERES TRANS
Mulheres transgênero, travestis e pessoas não binárias também devem fazer os exames de próstata, conforme a recomendação médica. Isso porque elas ainda têm a glândula prostática e podem desenvolver câncer nela. O uso de hormônios femininos pode reduzir o tamanho da próstata e os níveis de PSA, mas não elimina totalmente o risco da doença.