Doenças psicossomáticas têm manifestações complexas e exigem ampla investigação para chegar ao diagnóstico
Psiquiatra do Hospital Alemão Oswaldo Cruz indica que tratamentos mais eficazes incluem psicoterapia e mudanças no estilo de vida
Preocupações intensas e limitantes, que podem ser acompanhadas de dores em diversas partes do corpo, medo de doença grave sem que exames corroborem a possibilidade e sintomas motores sem explicação médica são algumas das manifestações que caracterizam as doenças psicossomáticas – uma condição complexa, que exige ampla investigação clínica e abordagem multidisciplinar para ser superada.
Segundo o Dr. Gabriel Okuda, psiquiatra do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, as principais causas dos transtornos somáticos estão relacionadas a traumas ao longo da vida; abusos e relacionamentos familiares conturbados podem contribuir para o surgimento da condição. Além dessas causas, doenças psiquiátricas crônicas, como depressão, e elevado estresse social, podem ajudar a desencadear o transtorno.
“Pessoas que normalmente têm uma tensão maior, que prestam muito a atenção nos sintomas em geral e têm maior sensibilidade à dor também estão no grupo de risco elevado para quadros psicossomáticos”, acrescenta Okuda.
O especialista explica que esses pacientes iniciam a jornada nos sistemas de saúde, geralmente, em pronto atendimento, em consultas com clínicos gerais. “Mas o fato de não ter uma explicação médica evidente para os sintomas não é suficiente para fazer o diagnóstico. Há pacientes com critérios diagnósticos para doenças físicas e que também podem ter doenças psicossomáticas”, afirma o psiquiatra.
“Para conseguirmos caracterizar uma doença psicossomática, devemos levar em conta os níveis de preocupação do indivíduo e quanto isso limita sua vida. A vivência da pessoa passa a existir em torno do sintoma específico e é algo predominante na vida dela”, completa.
De acordo com Okuda, a maioria dos casos tende a se tornar uma condição crônica, com difícil controle, manejo e aceitação da doença pelo paciente. Mas, segundo o médico, há tratamentos que podem ajudar a evitar que o transtorno chegue a tal ponto – psicoterapia, acompanhamento psiquiátrico (para avaliação da necessidade de uso de medicamentos), e medidas de estilo de vida, incluindo exercícios físicos, alimentação saudável e atividades para redução de estresse, são as melhores alternativas.
Uma boa relação com um médico de confiança, que conheça o histórico do paciente, também colabora para o tratamento, diz Okuda. “Muitas vezes, esse paciente já passou por tantos lugares e ouviu tantas coisas diferentes que se sente perdido”, completa. Assim, ter o apoio de um médico que faça o acompanhamento da trajetória do paciente e de uma equipe multidisciplinar é essencial devido ao caráter complexo da condição.