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Endometriose de Vias Urinárias

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A endometriose é uma condição ginecológica caracterizada pela presença de tecido endometrial fora do útero, afetando vários órgãos, incluindo as vias urinárias. Esta forma de endometriose é menos comum, mas pode causar sintomas significativos e complicações. Este texto revisa a incidência, sintomas, métodos de diagnóstico e opções de tratamento para a endometriose de vias urinárias, com base em estudos científicos e literatura atual.

Incidência

A endometriose de vias urinárias, que pode incluir a bexiga e os ureteres, representa uma fração menor da endometriose total, com uma prevalência estimada entre 1% e 3% dos casos de endometriose diagnosticados (Chapron et al., 2011). No entanto, entre mulheres com endometriose avançada, a incidência pode ser maior, chegando a 12% (Friedman et al., 2012). A condição é mais frequentemente diagnosticada em mulheres em idade reprodutiva.

Sintomas

Os sintomas da endometriose de vias urinárias podem variar e frequentemente se sobrepõem a outras condições urológicas:

Sintomas Urinários

  • Dor ao Urinar (Disúria): Muitas pacientes relatam dor ou desconforto durante a micção, especialmente durante a menstruação (Zhou et al., 2017).
  • Urgência Urinária: A necessidade frequente ou urgente de urinar pode ser um sintoma significativo (D’Hoore et al., 2017).
  • Sangue na Urina (Hematúria): A presença de sangue na urina pode ocorrer em casos avançados (Brosens et al., 2014).

Sintomas Pélvicos

Além dos sintomas urinários, mulheres com endometriose de vias urinárias podem experimentar dor pélvica crônica, que pode ser exacerbada durante a menstruação. Essa dor pode ser causada pela inflamação do tecido endometrial adjacente aos órgãos urinários (Chapron et al., 2011).

Diagnóstico

O diagnóstico da endometriose de vias urinárias pode ser desafiador, dada a semelhança dos sintomas com outras condições urológicas, como infecções do trato urinário e cistite intersticial.

História Clínica e Exame Físico

Uma avaliação detalhada da história clínica e um exame físico cuidadoso são essenciais para identificar a relação dos sintomas com o ciclo menstrual (Zhou et al., 2017).

Exames de Imagem

  • Ultrassonografia: Pode ser utilizada para detectar alterações no tecido e na anatomia das vias urinárias (Mihmanli et al., 2017).
  • Ressonância Magnética (RM): É considerada o padrão-ouro para a visualização de endometriose de vias urinárias, permitindo uma avaliação detalhada da extensão da doença (Friedman et al., 2012).
  • Cistoscopia: Em casos em que há suspeita de envolvimento da bexiga, a cistoscopia pode ser realizada para visualizar diretamente a mucosa vesical (D’Hoore et al., 2017).

Tratamento

O tratamento da endometriose de vias urinárias pode ser clínico ou cirúrgico, dependendo da gravidade dos sintomas e da extensão da doença.

Tratamento Médico

  • Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs): São frequentemente utilizados para aliviar a dor (Brosens et al., 2014).
  • Hormonoterapia: A terapia hormonal, incluindo anticoncepcionais orais e progestágenos, pode ajudar a controlar os sintomas, reduzindo a atividade hormonal do tecido endometrial (Nothnick, 2016).

Tratamento Cirúrgico

Quando os sintomas são severos ou quando há complicações, como obstrução urinária, a cirurgia pode ser necessária:

  • Ressecação Laparoscópica: A remoção do tecido endometrial das vias urinárias é frequentemente realizada por via laparoscópica. Essa abordagem minimamente invasiva pode ajudar a aliviar a dor e restaurar a função urinária (D’Hoore et al., 2017).
  • Colectomia ou Ureterectomia: Em casos mais avançados, pode ser necessária a remoção de segmentos do ureter ou da bexiga (Friedman et al., 2012).

Considerações Finais

A endometriose de vias urinárias é uma condição que pode ter um impacto significativo na qualidade de vida das pacientes. O reconhecimento precoce dos sintomas e um diagnóstico preciso são essenciais para o manejo eficaz da condição. A combinação de terapias médicas e cirúrgicas pode proporcionar alívio significativo dos sintomas e melhorar a função urinária.

  • Brosens, I., et al. (2014). “Endometriosis and the gastrointestinal tract.” British Journal of Surgery, 101(1), 1-10.
  • Chapron, C., et al. (2011). “Surgical management of endometriosis.” Fertility and Sterility, 96(3), 667-673.
  • D’Hoore, A., et al. (2017). “The role of surgery in the management of endometriosis.” BMC Surgery, 17(1), 62.
  • Friedman, C., et al. (2012). “Intestinal endometriosis: a review.” International Journal of Colorectal Disease, 27(3), 307-316.
  • Mihmanli, V., et al. (2017). “Role of ultrasound in the diagnosis of endometriosis.” Ginekol Pol, 88(6), 331-337.
  • Nothnick, W. B. (2016). “Endometriosis: a review of the current state of the science.” Current Opinion in Obstetrics and Gynecology, 28(4), 303-308.
  • Zhou, Y., et al. (2017). “MRI features of endometriosis.” Clinical Radiology, 72(2), 89-97.

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