A Páscoa está chegando e, com ela, a dúvida eterna: afinal, criança pode comer chocolate? Saiba quando é seguro introduzir o doce, quais os cuidados necessários e como manter a saúde dos pequenos em dia
O coelhinho da Páscoa está saindo da toca e as prateleiras dos supermercados estão lotadas de ovos de chocolate. Esse é um dos momentos em que surge a clássica dúvida entre as pessoas que cuidam de crianças: “Será que já posso oferecer chocolate?”.
Diante de tantas opiniões, o melhor a ser feito é falar sobre o assunto sem terrorismo nutricional. Até porque, neste caso, trata-se de uma data especial, ou seja, é uma exceção, um momento para criar memórias afetivas com as crianças.
A seguir, especialistas esclarecem as principais dúvidas sobre o consumo do doce por crianças.
A partir de qual idade a criança pode comer chocolate?
Segundo Andrea Bottoni, médico nutrólogo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a idade mínima ideal para o consumo de doces é de dois anos. Mas, se possível, o mais saudável é adiar até o fim da primeira infância, aos três anos.
Essa indicação existe porque alimentos ricos em açúcar e gordura podem impactar o desenvolvimento do paladar, o metabolismo e a saúde bucal dos pequenos.
Como introduzir o chocolate na alimentação infantil?
Se você está pensando: “Meu filho já tem dois anos, e agora? Tá tudo liberado?”. A resposta é: não. É preciso cautela.
O nutrólogo trouxe algumas dicas de como começar a introdução do chocolate na alimentação da criança. Veja a seguir:
- Prefira chocolates com mais cacau: os com 70% a 80% são mais saudáveis, pois contêm menos açúcar e aditivos;
- Ofereça pequenas porções: assim, é possível acostumar o paladar da criança sem exageros;
- Fique de olho na quantidade: o consumo excessivo pode levar ao sobrepeso e a desconfortos gastrointestinais;
- Equilíbrio é tudo: o chocolate pode fazer parte da dieta, desde que dentro de um padrão alimentar saudável e variado, rico em frutas, legumes e verduras.
O que a cor diz sobre os chocolates?
Ao observar, é fácil notar que aqueles com mais cacau têm um tom mais escuro de marrom. Quanto mais claro o chocolate, maior a quantidade de leite e açúcar em sua composição. Por isso, a recomendação é optar pelas versões mais amargas possíveis (como 70% a 80% de cacau), para garantir mais compostos antioxidantes e menos aditivos.
Além disso, o chocolate amargo já foi associado a benefícios à saúde. Um estudo recente da Harvard T.H. Chan School of Public Health, por exemplo, conectou a guloseima à prevenção do diabetes tipo 2.
Segundo Larissa Montanheiro, dermatologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o chocolate amargo é rico em flavonoides — antioxidantes naturais que combatem os radicais livres, ajudando a prevenir o envelhecimento precoce, melhorar a elasticidade da pele e protegê-la contra danos causados pela poluição e radiação solar. “Tem, inclusive, ação anti-inflamatória”, pontua.
“Tanto a promoção da saúde quanto a prevenção de doenças dependem, evidentemente, não apenas de um alimento ou de nutrientes específicos, mas de um padrão na alimentação, de hábitos alimentares”, acrescenta Bottoni.
Quais os efeitos do excesso de chocolate nas crianças?
O consumo exagerado de doces, sem uma rotina alimentar equilibrada com frutas, legumes e vegetais coloridos, pode levar ao sobrepeso.
Uma outra preocupação é que a frequência do consumo de chocolate pode causar uma espécie de “monotonia alimentar”, segundo o nutrólogo. Isso acontece quando a criança começa a recusar outros alimentos e a preferir apenas doces.
Dicas práticas para uma Páscoa mais equilibrada e saudável
O segredo é o equilíbrio. Afinal, a Páscoa é um momento de celebração entre familiares e amigos. Para que essa data continue sendo leve e saudável, preparamos algumas dicas especiais:
- Fracione os ovos de Páscoa: em vez de entregar tudo de uma vez, separe pequenas porções para oferecer ao longo dos dias;
- Coma junto e com atenção: sentar com a criança e fazer desse momento algo prazeroso e sem culpa ajuda a desenvolver uma boa relação com os alimentos;
- Evite usar o doce como recompensa: isso pode criar uma associação emocional com o chocolate, favorecendo o consumo compulsivo no futuro;
- Equilibre com alimentos saudáveis: incentive o consumo de frutas e alimentos naturais antes ou após o chocolate.
- O mais importante é lembrar que o chocolate não precisa ser um vilão. Ele pode, sim, fazer parte de uma infância saudável, desde que com moderação, equilíbrio e muito afeto envolvido.