Bom que se diga: as vacinas contra a covid-19 continuam como a melhor opção de controle da pandemia. Mas, paralelo a elas, diversos estudos vêm sendo realizados em busca de medicamentos que possuam alta eficácia em prevenir hospitalizações e reduzir a morbimortalidade pela doença. No final de março (31/3), a Anvisa aprovou o uso emergencial do Paxlovid — um antiviral da Pfizer indicado para pessoas que testaram positivo e apresentam risco de evolução para casos graves, são maiores de 18 anos e não precisam fazer uso artificial de oxigênio através de máquinas. Mas a venda do remédio é feita somente sob prescrição médica eo uso não deve ser feito sem acompanhamento médico. De acordo com a decisão da Anvisa, o Paxlovid não está autorizado para início de tratamento em pacientes que requerem hospitalização devido a manifestações graves ou críticas da covid-19. Também não está autorizado para profilaxia pré ou pós-exposição para prevenção da infecção pelo novo coronavírus. “É importante esclarecer ainda que o Paxlovid não é recomendado para pacientes com insuficiência renal grave ou com falha renal, uma vez que a dose para essa população ainda não foi estabelecida”, disse por fim a Anvisa, em nota. A droga já possui aprovação para uso emergencial nos Estados Unidos, nos países da União Européia, no Canadá, na China, na Austrália, no Japão, no Reino Unido e no México.
Nem ivermectina…
Ivermectina não reduz hospitalizações por covid-19. Esse é o resultado do maior estudo feito sobre o medicamento até agora. Realizada pela Universidade McMaster do Canadá e publicado no Wall Street Journal (20/03), a pesquisa mostrou que as 1.400 pessoas com a doença que tomaram o antiparasitário não se saíram melhor do que as que foram medicadas com placebo (tratamento inócuo usado como controle). “Não houve indicação de que a ivermectina seja clinicamente útil”, afirmou Eward Mills, principal autor do estudo. Como rememorou o jornal O Globo (20/3), a droga é usada no tratamentode infecções por parasitas, como piolhos, sarnas e lombrigas. Mas desde o início da pandemia no Brasil, foi promovida de forma controversa como um “tratamento precoce” para covid-19, chegando a integrar o chamado “kit covid”, junto com outros medicamentos sem eficácia contra a doença. Em julho de 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) rejeitou a utilização do remédio para esse fim, mas apesar disso gru pos de negacionistas continuaram alardeando de forma fraudulenta seus benefícios.
Nem hidroxicloroquina
um outro estudo — dessa vez, realizado no Brasil pela Coalizão Covid-19 — comprovou que a hidroxicloroquina também é ineficaz como tratamento precoce e não previne internações por covid. Assim como a pesquisa canadense sobre a ivermectina, o estudo nacional não constatou benefícios em relação à hidroxicloroquina. Realizada com 1.372 pessoas com covid ou forte suspeita de infecção pela doença, a pesquisa contou com a participação de 56 centros de pesquisa brasileiros. Os resultados, publicados (31/3) no periódico especializado The Lancet Regional Health-Americás, apontaram que não houve diferença significativa na ocorrência de hospitalização entre os pacientes que foram medicados com hidroxicloroquina e aqueíes que tomaram placebo. “A interpretação é que os nossos dados, incluindo os da revisão, não apoiam o uso rotineiro de hidroxicloroquina para prevenir hospitalização por complicações da covid”, disse Álvaro Avezum, diretor do Centro Internacional de Pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, integrante da Coalizão.