Câncer de Pulmão: estudo mostra avanços no tratamento de doença avançada no Brasil

Data: 02/10/2023 Publicado em: O Globo Online - RJ

Pesquisa feita no país mostrou que sobrevida de pacientes do sistema público de saúde aumentou nos últimos anos, mas ainda existem desafios de acesso.

O câncer de pulmão é o quinto tumor mais incidente no Brasil. Entretanto, é considerado um dos mais letais no mundo. Ocupa o primeiro lugar em letalidade entre os homens e o segundo entre as mulheres, segundo estimativas mundiais de 2020. A grande maioria dos casos (84%) ainda é diagnosticada em estágio tardio, o que explica, em parte, a alta taxa de letalidade da doença.

A boa notícia é que nos últimos anos, o avanço nos tratamentos – em especial a imunoterapia – melhorou significativamente o prognóstico de pacientes com câncer de pulmão em estágio III e IV, que são os mais avançados. Estudo recente publicado na revista científica Journal of Surgical Oncology revelou que muitos desses avanços já são observados em pacientes atendidos no sistema público brasileiro.

Pesquisadores brasileiros analisaram dados de 50 mil pacientes com câncer de pulmão, atendidos em 76 hospitais municipais e estaduais do Estado de São Paulo, nos últimos 15 anos. Destes, 3 mil apresentavam a doença em estágio 3, entre os quais 433 foram submetidos a procedimentos cirúrgicos.

A maioria dos casos de câncer de pulmão em estágio 3 já tem metástase nos linfonodos, que fazem parte do sistema imunológico, próximos à região inicialmente diagnosticada com o câncer. Neste estágio, o tratamento é obrigatoriamente combinado e envolve o de medicamentos e a cirurgia — explica o médico Fernando Abrão, cirurgião torácico do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, um dos autores do estudo.

Os resultados mostraram que entre 2004 e 2014, houve aumento de sobrevida dos pacientes operados, passando de 19,7% no quinquênio de 2000 a 2004, para 40% no período de 2010 a 2014. Houve também redução de 41% no risco de óbito entre os pacientes operados no primeiro quinquênio (2000-2004) e aqueles submetidos à cirurgia em 2019, o que comprova avanços no tratamento do câncer de pulmão metastático.

Os resultados do estudo indicam avanços promissores no tratamento da doença, com uma melhoria progressiva na sobrevida ao longo dos anos. Porém há uma necessidade em agilizar o acesso aos centros de referência e à incorporação de terapias no Sistema Único de Saúde (SUS) para otimizar ainda mais os resultados — diz Abrão.

Os pesquisadores também analisaram o impacto do diagnóstico e do tratamento precoce na sobrevida. Eles concluíram que o tempo médio entre o diagnóstico e o início do tratamento foi de 19 dias, o que é considerado curto.

Por outro lado, o encaminhamento para centros de referência em atendimento oncológico para a realização do diagnóstico é, em média, de três meses. Isso significa que 50% dos pacientes demoraram mais de três meses para alcançar o diagnóstico de câncer, interferindo no desfecho do tratamento e na sobrevida.

A impressão que temos é que o gargalo maior é receber o diagnóstico. Precisamos melhorar o parque diagnóstico, aumentar a oferta de exames e tomografia para diminuir o tempo que esse paciente perde até o diagnóstico — avalia Abrão.

Em relação aos tratamentos administrados, a pesquisa evidenciou que os pacientes submetidos a cirurgias em combinação com quimioterapia tiveram melhores taxas de sobrevida após cinco anos (35,8%). Por outro lado, aqueles que receberam quimioterapia em conjunto com radioterapia registraram uma taxa de sobrevida de 12,8% no mesmo período.

A pesquisa também ressaltou a necessidade de aumentar o acesso aos pacientes tratados na rede pública a terapias já disponíveis no sistema de saúde privado.

Os resultados mostram redução da mortalidade ao longo do tempo mas quando comparado à saúde suplementar, essa taxa ainda deixa a desejar. Precisamos que o paciente do SUS tenha acesso a melhores recursos que já existem no sistema privado e em outros países, como medicações e aparelhos de radioterapia mais modernos — conclui o pesquisador.


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