Hepatologista do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz explica formas de transmissão e prevenção.
Levantamento recente da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica) aponta aumento de 56,2% no número de casos de Hepatite A registrados no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022. A divulgação acontece no mês do Dia Mundial de Luta Contra Hepatites Virais (28/7). Criada em 2010, pela OMS (Organização Mundial da Saúde), a data tem por objetivo conscientizar sobre os tipos de hepatites virais e a importância de haver ações de controle da doença que causa a morte de 1,4 milhões de pessoas no mundo, seja em decorrência de infecções agudas, cirrose ou câncer hepático.
As hepatites virais são causadas por infecções muitas vezes assintomáticas, que afetam o fígado. De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da Hepatite D (mais comum na região Norte do país) e o vírus da Hepatite E, encontrado com maior facilidade em países da África e da Ásia.
Segundo Dr. Luís Edmundo Pinto da Fonseca, hepatologista do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz , as hepatites virais podem ser classificadas do ponto de vista clínico, como agudas, que duram de até seis meses, e crônicas, de mais de seis meses.
Ainda de acordo com dados do Ministério da Saúde, nas últimas duas décadas o país notificou cerca de 720 mil casos de hepatites virais. Do total, a maior incidência é de Hepatite C com 38,9% dos casos, seguido da Hepatite B (36,8% dos casos) e Hepatite A (23,4% dos casos).
O Dr. Luís Edmundo alerta que as hepatites virais podem se manifestar de diferentes maneiras e a evolução das infecções ocasionadas pelos vírus das hepatites B ou C podem resultar em estados crônicos. Isto é, seja por negligência ou dificuldade em receber diagnóstico, muitas pessoas levam anos para descobrir a infecção.
No entanto, quando ocorrem, os sintomas podem incluir cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômito, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. “É fundamental estar ciente desses sinais para a detecção precoce e busca por tratamento adequado”, conta o médico.
Transmissão e prevenção
Hepatite A: ocorre principalmente por via fecal-oral, pelo contato inter-humano ou consumo de água e alimentos contaminados.
“É importante adotar práticas de higiene pessoal adequadas, como lavar as mãos regularmente, especialmente após o uso do banheiro e antes de manipular alimentos. Além disso, consumir água tratada e alimentos devidamente cozidos também são medidas preventivas eficazes”, explica o médico.
A vacinação contra a Hepatite A está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é altamente recomendada, principalmente em áreas com baixas condições de saneamento básico, devendo ser realizada em crianças de 15 meses até cinco anos incompletos.
Hepatite B: a Hepatite B pode ser transmitida pelo compartilhamento de agulhas, seringas e outros itens pessoais contaminados com sangue infectado. Ou por via sexual, sendo considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST).
Segundo o especialista, a prevenção da Hepatite B inclui a adoção de práticas sexuais seguras, como o uso de preservativos. Além disso, a vacinação é uma medida preventiva fundamental, que deve ser administrada logo após o nascimento, a partir dos dois meses, num total de três doses. Para os adultos que não foram vacinados durante a infância, também são recomendadas três doses da vacina.
Existe também a vacina combinada da Hepatite A e B, indicada para crianças a partir dos 12 meses, adolescentes e adultos, sendo uma ótima opção para aqueles que não foram vacinados contra ambas as hepatites.
Hepatite C: assim como a Hepatite B, a Hepatite C é transmitida principalmente pelo contato com sangue infectado, que pode ocorrer por meio do compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas, transfusão de sangue e uso de equipamentos médicos ou de tatuagem não esterilizados.
De acordo com o hepatologista, Dr. Luís Edmundo, é essencial adotar medidas de prevenção. “Evite o compartilhamento de objetos pessoais que possam estar contaminados com sangue, sempre utilize equipamentos estéreis em procedimentos médicos, em serviços de manicure e pedicure e de tatuagem, e nunca deixe de utilizar preservativos durante as relações sexuais”, conta o médico.
O médico também chama atenção para esse tipo de hepatite, já que ainda não há vacina disponível, portanto, a prevenção baseia-se em medidas de redução de risco. Além de ser a hepatite mais letal, segundo o Ibrafig (Instituto Brasileiro do Fígado), relacionada a 74% das mortes pela doença.
Conscientização
“É fundamental enfatizar a importância da conscientização sobre as diferentes formas de transmissão das hepatites virais e da adoção de medidas preventivas adequadas. A promoção de informações precisas e o acesso a serviços de saúde são fundamentais para reduzir a incidência e o impacto das hepatites virais”, diz o especialista.