Um novo estudo assinado por 13 cientistas — sendo 12 mulheres e apenas um homem, vale destacar, — sugere que as novas mães devem fazer ao menos horas de exercícios com intensidade moderada a intensa por semana, como caminhada rápida e treino de fortalecimento muscular, nos primeiros três meses após o nascimento do bebê.
No período pós-parto, o risco de depressão, retenção de peso, distúrbios do sono, diabetes e doenças cardiovasculares aumenta, especialmente após complicações na gravidez. Mas faltam orientações claras sobre como se envolver adequadamente em atividades físicas nesse momento.
Para os especialistas, seguir a nova diretriz elaborada pela Sociedade Canadense de Fisiologia do Exercício, dentro das capacidades físicas de cada pessoa, pode trazer diversas melhorias para a saúde e bem-estar materno e infantil. As recomendações foram publicadas no British Journal of Sports Medicine.
No artigo, os pesquisadores também indicam o treinamento diário dos músculos do assoalho pélvico para reduzir o risco de incontinência urinária, além da adoção de medidas para melhorar a qualidade e a duração do sono, como a organização de rotinas.
“O exercício físico é muito importante em qualquer fase da vida adulta. Como sabemos, traz benefícios importantes, como saúde cardiovascular, prevenção de câncer, melhora de dores crônicas, do sono e da saúde mental, como redução de ansiedade e depressão”, resume o ortopedista João Polydoro, médico especialista em esporte do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Com as puérperas, que enfrentam um turbilhão de alterações físicas e hormonais, não é diferente.
“O movimento para elas terá os mesmos efeitos, incluindo um adicional de acelerar o aprimoramento aprimoramento corporal, principalmente em questões específicas, como o reforço muscular do assoalho pélvico, melhorias de incontinência urinária e prolapsos, e bem-estar mental, considerando que a depressão pós-parto afeta até 15% das mães recentes”, pontua Polydoro.
Por onde começar?
Com base nos achados, o painel de experts recomenda fortemente que, nas primeiras 12 semanas após o parto, as novas mães sem impeditivos físicos busquem uma mistura de atividades aeróbicas e de resistência.
Nesse contexto, vale investir em caminhadas rápidas, ciclismo e técnicas de fortalecimento muscular, por exemplo, por pelo menos 120 minutos por semana, distribuídos em quatro ou mais dias. Para quem apresenta questões específicas de saúde, é importante buscar orientação médica antes de começar, pontuam os autores.
“A cesárea, por exemplo, requer o aguardo da cicatrização adequada da incisão e a parada do sangramento vaginal. É preciso avaliar a dor muscular e a demanda nutricional, que está aumentada devido ao gasto energético da amamentação. Já no parto natural, a perda de sangue pela vagina também deve ser levada em consideração”, detalha o médico.
O prazo de espera pode variar, de acordo com as condições particulares de saúde e de como se deu o andamento da gestação.
“Um período interessante a considerar para início de atividades pode ser de 15 dias depois do parto natural. Apesar de parecer pouco, a atividade iniciada também será compatível com o período”, frisa.
“Uma recomendação geral é iniciar com caminhadas leves, evoluindo para passos rápidos em ritmo que se consegue conversar, e exercícios leves de fortalecimento com foco na musculatura lombar, porém sem sobrecarregar”, acrescenta Polydoro.
O especialista recomenda a progressão gradual para treinos de resistência muscular, desde que esteja tudo certo com a cicatrização das feridas e parada do do sangramento vaginal.
Como driblar a exaustão?
Vamos combinar que as benesses de se colocar o corpo em ação já são amplamente conhecidas. Mas como fazer para encaixar mais esse compromisso em meio ao cansaço do puerpério?
“Não vale a pena sacrificar o sono para treinar, se você não estiver descansado, isso pode ser prejudicial. A privação de sono pode causar alterações físicas e hormonais, comprometendo a saúde da mulher”, alerta o médico.
Nesse contexto, entra o papel da rede familiar — algo fundamental para qqualquer puérpera.
“O apoio paterno pode ser tanto na divisão de tarefas, para que a mulher possa descansar e ter um sono adequado, quanto no incentivo à prática esportiva, caminhando e executando os exercícios juntos, ou ficando com o bebê para que a mãe treine”, destaca Polydoro.
“O movimento, além de ser bom para o físico, também melhora os relacionamentos interpessoais. O casal pode conversar e até fazer caminhada com o carrinho de bebê adequado”, acrescenta.
Como foi feito o estudo?
Para chegar às diretrizes, os pesquisadores da Universidade de Alberta, no Canadá, se profundaram em evidências de 574 estudos.
O grupo avaliou um conjunto de fatores, envolvendo lesões, redução da qualidade ou quantidade do leite materno, depressão e ansiedade, incontinência urinária medo de movimento, fadiga e baixo crescimento e desenvolvimento infantil.
Os autores defendem que as orientações são relevantes para quem deu à luz recentemente, independentemente do status de amamentação, gênero, origem cultural, deficiência ou status socioeconômico.