“Eu tive com 21 anos a primeira crise de pânico. Na pandemia vi ela voltando. Resolvi não tomar medicação, fui só tratamento de terapia”, disse a artista.
“É inexplicável, é como se você perdesse a razão e entrasse num redemoinho de alerta, perigo, porque é como se a cabeça da gente não tivesse dando conta de lidar com tanta coisa.”
O que é a síndrome do pânico?
A síndrome do pânico é um transtorno de ansiedade caracterizado por episódios agudos e repentinos de um medo intenso. Essas crises, que desencadeiam sintomas tanto físicos quanto emocionais, têm uma duração breve, porém o desconforto decorrente delas pode persistir por várias horas.
O distúrbio afeta predominantemente o público feminino, com uma prevalência duas vezes maior em mulheres do que em homens. A síndrome geralmente se manifesta entre o fim da adolescência e início da vida adulta, dos 15 aos 24 anos, aproximadamente.
Flávia Zuccolotto, psiquiatra do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, destaca que a pessoa com síndrome do pânico desenvolve um medo de ter medo, o que pode prejudicar significativamente o seu funcionamento na vida cotidiana. Um ataque de pânico não é exclusivamente um evento psicológico. “Tem também a parte biológica. Existem sintomas que passam pelo cérebro, a partir de uma região chamada amígdala, responsável pelo reconhecimento e pela resposta ao medo”, explica a psiquiatra.
Em uma situação de ameaça, a amígdala envia mensagens ao corpo através de neurotransmissores, sendo a noradrenalina o principal deles. Este é um sinal de alerta indicando uma ameaça iminente. Enquanto para a maioria das pessoas há um equilíbrio entre uma situação amedrontadora e a resposta do organismo, nos ataques de pânico, a onda avassaladora de medo surge subitamente, sem aviso prévio e sem motivo aparente.
Quais são os sintomas?
A liberação de noradrenalina desencadeia reações em cascata que afetam o sistema nervoso autônomo, responsável por funções que não controlamos conscientemente, como a vontade de urinar e a frequência cardíaca.
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O coração acelera, resultando em taquicardia. Os vasos sanguíneos se contraem, elevando a pressão arterial, o que pode causar palidez e sensação de formigamento nas mãos e no rosto. A palpitação pode ser acompanhada por sudorese e tremores nas mãos e pernas. As glândulas sudoríparas são ativadas, pois, em uma situação de luta ou fuga, o corpo precisa estar escorregadio para evitar o alcance do agressor.
Outro sintoma comum é o aumento da frequência respiratória. Em uma emergência, o corpo necessita de oxigênio em abundância. Entretanto, a hiperventilação pode causar sensação de asfixia e intensificar a ansiedade. A pessoa pode experimentar dor na cabeça e no tórax. A pupila dilata, indicando um estado mais alerta do que o normal, e os pelos eriçam. Em uma situação de luta ou fuga, o sistema digestivo para de funcionar, resultando em náusea e até mesmo vômito.
O ataque também pode ser acompanhado por tontura e uma sensação de calafrio, semelhante àquela experimentada em uma montanha russa.Em casos mais severos, o indivíduo pode apresentar sintomas psicológicos, como uma sensação de estranheza em relação ao ambiente, denominada desrealização, ou sentir-se desconectado de si mesmo, conhecido como despersonalização.
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Os sinais corporais, juntamente com a interpretação do medo, levam a pessoa a acreditar que está à beira da morte, muitas vezes buscando atendimento médico de emergência por temer um AVC ou infarto.
Como é o tratamento?
A primeira orientação, conforme a psiquiatra, é que a pessoa compreenda que não está em perigo de morte devido a esses episódios. “Sempre alertamos aos pacientes: os sintomas passam rapidamente. Ninguém terá um ataque cardíaco devido a uma crise de pânico”.
Durante a crise, Zuccolotto recomenda que a pessoa se sente e, se possível, peça ajuda a alguém próximo. O indivíduo também pode tentar reduzir o ritmo da respiração e focar a atenção em algo que o distraia e relaxe.
O tratamento da síndrome do pânico envolve psicoterapia e, em alguns casos, o uso de medicamentos. “A medicação restaura o equilíbrio cerebral para reduzir a intensidade do estímulo de medo. Já a psicoterapia auxilia o paciente a desenvolver ferramentas necessárias para lidar com as crises”, destaca a médica.