Especialistas alertam para o perigo da obesidade e o estigma social da doença

São Paulo, 09 de outubro de 2020 – A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que um em cada oito adultos no mundo apresentam algum grau de obesidade. A entidade prevê ainda que, em 2025, esse número chegue a 700 milhões e 2,3 milhões de pessoas ao redor do globo apresentem sobrepeso.

Já no Brasil, segundo os dados divulgados pela Pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) do Ministério da Saúde, a taxa de obesidade dos brasileiros cresceu 10% entre 2006 e 2018, passando de 11,8% para 19,8%, de acordo com levantamento do ano passado.

Segundo a Dra. Tarissa Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, os maus hábitos alimentares dos brasileiros contribuem muito para o crescimento da obesidade, interferindo também na prevalência de outras comorbidades como o diabetes e a hipertensão.

“O consumo de bebidas adoçadas e refrigerantes, assim como outras guloseimas ricas em açúcares e gorduras, aumentou muito no país nos últimos anos. Isso pode ter contribuído para o crescimento da população com obesidade”, explica.

Apontada pela OMS como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo, a obesidade é diagnosticada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal no indivíduo. Para o diagnóstico da obesidade em adultos, o parâmetro mais utilizado é o do IMC (Índice de Massa Corporal).

Consideram-se portadoras de obesidade as pessoas com IMC superior a 30. Já as que têm IMC entre 25 e 29,9 são portadoras de sobrepeso. O IMC é calculado a partir da divisão do peso pela altura ao quadrado (IMC = Peso ÷ Altura × Altura).

”O aumento de peso em si pode causar sobrecarga das articulações com degeneração precoce das cartilagens (artrose), limitações de movimento e dores crônicas”, explica a endocrinologista. “Além disso, quando o depósito de gordura acontece principalmente na região abdominal (gordura visceral), o que é mais comum em homens, mulheres após a menopausa, e principalmente em quem tem predisposição genética, esta gordura é extremamente inflamatória e pode levar a doenças graves como diabetes, hipertensão arterial, esteatose hepática (gordura no fígado) e infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (derrame), responsáveis pela mortalidade precoce desta população”.

Estigma da obesidade

Além das complicações e doenças associadas a obesidade, os pacientes que enfrentam a doença também sofrem com um estigma social ainda enraizado na sociedade. Um estudo publicado no início deste ano no periódico científico de alto impacto Nature Medicine e assinado por mais de 100 instituições no mundo, incluindo o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, mostrou que o preconceito contra a obesidade pode comprometer a saúde, dificultando o acesso aos tratamentos adequados, afetando o convívio social e prejudicando a saúde mental.

O coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Ricardo Cohen, explica que uma das grandes barreiras para o acesso ao tratamento adequado dessas enfermidades é a estigmatização e preconceito contra os portadores da doença. “Parte do público e mesmo alguns profissionais da saúde ainda enxergam a obesidade como um estilo de vida inadequado ou até mesmo más escolhas, os quais geram incontáveis problemas para o indivíduo”, explica o cirurgião bariátrico.

Evidências científicas comprovam ainda que esse estigma pode causar prejuízos físicos e psicológicos, e indicam que a probabilidade de procurar e receber cuidados adequados é menor nas pessoas afetadas pelo preconceito. O indivíduo com obesidade costuma ser visto como preguiçoso, guloso, sem força de vontade ou autodisciplina, e está mais vulnerável ao estigma do peso em ambientes como o trabalho, instituições de ensino e até durante os atendimentos médicos.

Obesidade e a Covid-19

Já se sabe, desde o começo da pandemia, que a obesidade é um fator de risco importante para complicações da Covid-19. Como aponta o estudo publicado em agosto deste ano, no periódico científico Obesity Reviews, ondeos quase 400 mil pacientes estudados, sendo eles pacientes com obesidade e infectados com o novo coronavírus, apresentaram o dobro de chance de precisarem de intervenções médicas, e 74% dessa fatia tiveram risco aumentado de serem admitidos em UTIs.

Tratamentos para a obesidade

Existem quatro medicamentos aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para tratamento de obesidade. “É importante que todos saibam que obesidade é doença e, portanto, exige tratamento. A mudança do estilo de vida é fundamental no processo de perda e manutenção do peso, mas as medicações se fazem necessárias na maioria dos casos.

Quando o tratamento clínico da obesidade não traz os resultados esperados, a melhor opção é a cirurgia bariátrica. Estudos recentes comprovaram que o procedimento muda o paladar, controla a saciedade e transforma a relação de recompensa com a comida, motivando ainda mais a mudança de estilo de vida.

No Brasil, a cirurgia é liberada para pacientes com IMC igual ou superior a 40kg/m² ou IMC entre 35kg/m² e 40kg/m², desde que o paciente tenha comorbidades relacionadas à obesidade.Além disso, em pessoas com o IMC acima de 30 kg/m² e que apresentem diabetes descompensado apesar do tratamento clínico, a cirurgia metabólica também é permitida.

“Quanto mais a pessoa com obesidade espera para procurar tratamento, maior a chance de complicações associadas à doença, como quadros de hipertensão, diabetes, infarto e derrame. Além de um tratamento adequado, o ideal é unir esforços para investir na prevenção”, reforça a médica.

Confira abaixo dez dicas para prevenção da obesidade:

  1. Faça de cinco a seis refeições por dia, com intervalo de três horas entre elas, se você sente muita fome antes das grandes refeições;
  2. Adote uma dieta saudável, rica em frutas, legumes, verduras e cereais integrais;
  3. Evite comer frituras, massas, pães e doces em excesso;
  4. Evite alimentos industrializados e fast food;
  5. Troque o refrigerante por água;
  6. Pratique 30 minutos de exercício físico quatro a cinco vezes por semana. Lembre-se: antes de iniciar qualquer atividade é importante passar por avaliação médica;
  7. Evite comer sentado em frente à TV, mexendo no celular ou no computador. A pessoa pode acabar perdendo o controle do que está comendo e ingerindo o alimento muito rápido, demorando mais para saciar a fome;
  8. Utilize mais vezes a escada, ao invés de elevador. Isso aumenta a queima de calorias;
  9. Não faça compras de alimentos nos supermercados antes das refeições e com fome. Isso evita a compra de alimentos mais calóricos;
  10. Durma pelo menos oito horas por dia. A privação de sono provoca impacto no apetite, na fome e no gasto energético.

Sobre o Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Fundado em 1897 por um grupo de imigrantes de língua alemã, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz é um dos maiores centros hospitalares da América Latina. Com 123 anos de atuação, é referência em serviços de alta complexidade e ênfase em Oncologia e Doenças Digestivas. Para que os pacientes tenham acesso aos mais altos padrões de qualidade e de segurança no atendimento, atestados pela certificação da Joint Commission International (JCI) – principal agência mundial de acreditação em saúde –, o Hospital conta com um corpo clínico renomado, formado por mais de 4 mil médicos cadastrados ativos, e uma das mais qualificadas assistências do país. Sua capacidade total instalada é de 805 leitos, sendo 582 deles na saúde privada e 223 no âmbito público. Desde 2008, atua também na área pública como um dos cinco hospitais de excelência do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) do Ministério da Saúde.

Hospital Alemão Oswaldo Cruz – https://www.hospitaloswaldocruz.org.br/

Informações para a imprensa

Conteúdo Comunicação:

Gerência de Comunicação Corporativa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Data: 09/10/2020 Fonte: Hospital Alemão Oswaldo Cruz

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