Federação Internacional para a Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos e Sociedade Americana publicam novas diretrizes para tratamento da obesidade e de suas doenças associadas

Pacientes com obesidade podem ser encaminhados para cirurgia sem a necessidade de outras doenças associadas e idosos, crianças e adolescentes passam a usufruir dos benefícios da cirurgia metabólica e bariátrica. Médico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz é coautor das novas indicações

São Paulo, 20 de outubro de 2022 – As diretrizes que atualmente norteiam o tratamento cirúrgico da obesidade foram produzidas nos EUA em 1991 pelo Instituto Nacional de Saúde (NIH). Desde então, houve muito progresso do entendimento da obesidade como doença e sobretudo dos mecanismos de funcionamento das cirurgias bariátricas. Além disso, o advento da cirurgia laparoscópica tornou as cirurgias menos invasivas e ainda mais seguras.

As novas recomendações para o tratamento da obesidade e das doenças a ela associadas foram publicadas nesta quinta-feira 20 de outubro pela Federação Internacional para a Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos, órgão máximo mundial, e Sociedade Americana de Cirurgia Metabólica e Bariátrica. O Dr. Ricardo Cohen, coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz é um dos coautores das novas indicações.

Dentre as mudanças importantes figuram a indicação das cirurgias bariátricas em paciente com Índices de Massa Corpórea (IMC- parâmetro utilizado para avaliar a obesidade) a partir de 35 kg/m2 sem a presença de qualquer doença associada (desde 1991, as cirurgias eram indicadas em IMCs a partir de 35, desde que com alguma enfermidade associada). Já em pacientes portadores de obesidade grau 1 (IMC >30 a 35 kg/m2) e com diabetes fora do controle apesar do melhor tratamento clinico, as Sociedades reforçam a indicação da cirurgia metabólica, que não era sequer prevista em 1991. Também em IMC>30, as novas diretrizes, baseadas em dezenas de publicações científicas, recomendam a cirurgia em pacientes com obesidade que apresentem comorbidades associadas que não o diabetes, como hipertensão, doença hepática gordurosa, doença renal crônica, insuficiência cardíaca, dentre outras.

Também pela primeira vez, as novas recomendações indicam a cirurgia em portadores de obesidade, a partir do grau 1 em pacientes que tenham indicação de outras cirurgias, onde a perda de peso diminui a chance de complicações destes procedimentos. Dentre elas está a cirurgia bariátrica no pré-operatório (depois do insucesso do tratamento clínico) das artroplastias de quadril e joelho, antes de correções de hérnias volumosas da parede abdominal ou transplante de órgãos, principalmente o renal

Outra novidade, diz respeito à população asiática, onde a obesidade clínica passa a ser reconhecida em indivíduos com IMC maior que 25.

Mais mudanças

O Dr. Ricardo Cohen, ressalta que as mudanças são necessárias. Na década de 1990 pouco se conhecia sobre o papel secundário do IMC na previsão da gravidade das doenças associadas à obesidade e principalmente desconhecia-se os mecanismos fisiológicos de como as operações bariátricas levavam ao emagrecimento. Além do mais, o acesso laparoscópico adicionou conforto e segurança aos pacientes.

“Com o passar dos anos chegamos à conclusão de que somente o Índice de Massa Corpórea não é suficiente para avaliar a obesidade e, consequentemente, a necessidade de uma cirurgia. Atualmente, se leva em consideração também o sexo, a idade, a etnia e a distribuição de gordura corporal de um indivíduo. O risco de saúde em um paciente com IMC maior do que 30, com acúmulo de gordura abdominal e subsequente doença metabólica e cardiovascular é significativamente maior do que um paciente com IMC de 40, cujo tecido adiposo não tem concentração abdominal”, explica o coautor das diretrizes.

As indicações também mudaram com relação à idade. Adolescentes passam a ser incluídos no rol dos pacientes que podem usufruir dos benefícios das cirurgias metabólicas e bariátricas. A Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Americana de Cirurgia Metabólica e Bariátrica recomendam o procedimento em crianças e adolescentes com IMC maior do que 120% do percentil 95 (obesidade classe II), quando associada a outras comorbidades, ou IMC maior do que 140% do percentil 95 (obesidade classe III).

“Além de ser segura na população menor de 18 anos, a cirurgia produz perda de peso durável, melhora e até mesmo evita o aparecimento das doenças associadas, além de aumentar a sobrevida a longo prazo, já que um adolescente vivendo com obesidade tem projeção de viver menos anos do que aqueles sem obesidade durante a adolescência”, ressalta Dr. Ricardo Cohen.

“Adolescentes com obesidade submetidos à técnica cirúrgica de Bypass gástrico em Y de Roux apresentam perda de peso significativamente maior e melhora das doenças cardiovasculares em comparação com adolescentes em tratamento clínico”, afirma Dr. Cohen. Além disso, os dados sugerem que os benefícios do Bypass gástrico em Y de Roux no diabetes tipo 2 e hipertensão podem ser maiores em adolescentes do que em adultos.

A cirurgia também vem sendo realizada com sucesso em pacientes com mais idade nas últimas décadas, incluindo indivíduos com mais de 70 anos. “Em septuagenários, a cirurgia está associada a taxas ligeiramente mais altas de complicações pós-operatórias em comparação com uma população mais jovem, mas ainda oferece benefícios substanciais de perda de peso e remissão de doenças associadas e fundamentalmente melhor qualidade de vida. Porém, cada caso deve ser analisado individualmente”, esclarece o médico.

A perda ponderal maior do que 15% do peso total para o controle do diabetes, incluindo suas complicações renais e cardiovasculares, foi sugerida nas novas recomendações das Sociedades Americana e Europeia de Diabetes desde junho deste ano. A primeira tentativa deve ser com as novas e poderosas medicações para o tratamento da obesidade. Caso não tenham sucesso na perda de peso, a cirurgia metabólica pode ser recomendada em pacientes com diabetes tipo 2 e IMC maior que 30. Esta estratégia foi sugerida em artigo publicado na revista The Lancet no início de 2022, que tem entre os autores o Dr. Ricardo Cohen. “Todas essas mudanças vêm embasadas em anos de estudos e pesquisa, no desenvolvimento de técnicas e na evolução da experiência médica adquirida” explica o médico.

Segundo o especialista, os procedimentos devem contar com a atuação de equipe multidisciplinar para ajudar a gerenciar os fatores de risco ​​do paciente com o objetivo de reduzir a possibilidade de complicações, melhorar os resultados e a qualidade de vida das pessoas.

“A obesidade é uma doença crônica e progressiva que requer manejo em longo prazo após a cirurgia metabólica e bariátrica. Isso pode incluir outra terapia adjuvante para alcançar o efeito de tratamento desejado. O importante é melhorar, cada vez mais, a qualidade e quantidade de vida de pessoas com obesidade e daquelas que ainda possuem outras doenças associadas ao excesso de peso”, afirma o Dr. Cohen.

Data: 20/10/2022 Fonte: Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Você tem várias formas de agendar consultas e exames:

AGENDE POR MENSAGEM:

WhatsApp

Agende sua consulta ou exame:

Agende online
QR Code Agende sua consulta ou exame

Agende pelo app meu oswaldo cruz

App Meu Oswaldo Cruz disponível no Google Play App Meu Oswaldo Cruz disponível na App Store