A tecnologia, que foi criada para o tratamento de tumores cerebrais, é utilizada com segurança e eficácia para combater outros tumores, como o de mama e de coluna
São Paulo, 1 de fevereiro de 2023 – Há quase uma década o Hospital Alemão Oswaldo Cruz foi pioneiro no Brasil ao oferecer aos seus pacientes a tecnologia do Intrabeam, equipamento responsável por uma única sessão de radioterapia intraoperatória para o tratamento de câncer de mama em estágio inicial e em mulheres acima de 50 anos. Essa abordagem desbravadora rendeu ao Hospital o Certificado de Centro de Referência na América Latina expedido pela empresa que projetou e comercializa o equipamento.
Atualmente o leque de utilização dessa tecnologia se expandiu bastante, sendo usada também para outros tipos de cânceres, especialmente quando se desenvolvem no abdômen, na coluna (lombar e torácica), para os chamados sarcomas (tumores de partes moles – aqueles que se desenvolvem em músculos, gordura, tendões, ligamentos, vasos sanguíneos e nervos periféricos), lesões ósseas primárias ou secundárias e lesões de pele em regiões críticas (ao redor dos olhos, boca, nariz e orelha).
De acordo com o Dr. Rodrigo Hanriot, coordenador da Radioterapia do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o maior benefício trazido pelo Intrabeam, além da segurança e da eficiência (porque atinge somente o tumor e não os órgãos vizinhos, como pode acontecer com a radioterapia convencional), é a redução do tempo de tratamento e, consequentemente, do custo total do processo.
“O tratamento convencional é composto de 20 a 30 aplicações diárias, e obriga o paciente a ir ao hospital uma vez ao dia até finalizar o tratamento. Com esse equipamento o processo todo se reduz a uma única aplicação, durante a cirurgia, ou seja, o paciente não precisa retornar diariamente ao hospital porque já está tratado. Além disso, pode reduzir o custo do tratamento de 20 a 50% quando comparado com a radioterapia externa ”, esclarece.
O especialista destaca que essa tecnologia ainda não é usada para todos os tipos de lesões e que há ainda protocolos detalhados que devem ser respeitados. “No caso dos cânceres de mama, por exemplo, o Intrabeam é indicado para mulheres acima de 50 anos ou já na menopausa, com lesões até 2,5 cm e que estejam localizadas somente nas mamas, ou seja, que não tenham atingido os linfáticos da axila”, ressalta.
O médico diz ainda que entre 20 e 25% de todas as pacientes com câncer de mama, poderiam se beneficiar da utilização do Intrabeam.
Intrabeam é indicado para lesões no corpo vertebral (coluna)
Segundo o Dr. Marcelo Risso, ortopedista e especialista em tratamento de cânceres na coluna, com o passar dos anos, estudos comprovam a eficácia do Intrabeam para o tratamento de tumores na coluna. E o Hospital Alemão Oswaldo Cruz foi uma das instituições pioneiras no mundo a realizar esse tipo de procedimento, em 2018. “Mas a utilização da tecnologia depende do cumprimento de alguns critérios, entre eles, o paciente deve ter até três lesões metastáticas, elas devem ser oligo progressivas (que crescem muito lentamente) e estarem localizadas no corpo vertebral, que é a região anterior da vértebra e onde se concentram cerca de 90% dos tumores”, esclarece.
Para o especialista, assim como no tratamento de câncer de mama, a aplicação da radioterapia por meio do Intrabeam nos tumores na coluna tem três grandes vantagens. “A primeira delas é a dose-efetividade, que é excelente, que também é feita durante a cirurgia, em dose única e sem afetar órgãos e tecidos vizinhos, como medula, intestino, músculos e pele”, garante.
“O segundo benefício é que, em geral, tumores de coluna têm uma fratura da vértebra associada e durante a mesma cirurgia é possível tratar a fratura por meio da injeção de cimento ósseo dentro da vértebra”, elenca.
“A terceira vantagem é que uma sessão de radioterapia única com o Intrabeam, permite ao paciente retornar rapidamente ao oncologista e dar continuidade ao tratamento sistêmico, como a quimioterapia e a imunoterapia, por exemplo”, relata.