Inca estima que mais de 16 mil novos casos da doença sejam diagnosticados neste ano no país
São Paulo, 23 de maio de 2023 – Em 25 de maio, é celebrado o Dia Internacional da Tireoide. O mês é marcado pela campanha Maio Verde, que destaca a importância da prevenção contra o Câncer de Tireoide e para os cuidados com a glândula.
Em formato de “borboleta”, a tireoide é uma glândula endócrina, com a função de produzir hormônios (T3, triiodotironina; e T4, tiroxina), que são secretados no sangue e depois levados para todos os tecidos, auxiliando no bom funcionamento de músculos e órgãos e no equilíbrio do corpo. Ela está localizada na parte da frente e inferior do pescoço.
A glândula da tireoide pode apresentar disfunções no decorrer da vida, que ocasionam em alta (hipertiroidismo) ou baixa (hipotiroidismo) produção de hormônios. O paciente com suspeita de hipertiroidismo pode observar a presença de massa ou nódulo no pescoço, a tireoide aumentada (bócio), emagrecimento, aumento da frequência cardíaca, aceleração do ritmo intestinal, entre outros sintomas. Já nos quadros de hipotiroidismo, nota-se lentidão das funções orgânicas como um todo, ganho de peso, fadiga e sensação de frio constante, entre outras manifestações adversas. Algumas vezes, além dessas disfunções, são encontrados nódulos na tireoide. Na maioria das vezes trata-se de nódulos benignos, que não evoluem para tumores malignos. Cada diagnóstico e tratamento deve ser individualizado, levando em conta o tipo e o tamanho do nódulo, se ele é mais ou menos vascularizado, sua localização, além da idade e do sexo do paciente.
Nem todo nódulo na tireoide é câncer
O Inca (Instituto Nacional do Câncer), estima que 16.660 casos novos de câncer de tireoide sejam diagnosticados neste ano no país. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de tireoide ocupa a sétima posição entre os tipos de câncer mais frequentes no Brasil.
Mais da metade da população adulta apresenta nódulos na tireoide. Mas, na imensa maioria dos casos, são benignos e não necessitam de cirurgia (muitas vezes, apenas de acompanhamento médico). Cerca de 10% deles apresentam malignidade. Por isso, é importante consultar um profissional especializado para que uma avaliação adequada seja realizada, o diagnóstico feito e o melhor tratamento indicado.
O câncer de tireoide é, na grande maioria dos casos, um tumor com baixa mortalidade e muito diagnosticável”, aponta o Dr. Cheng Tzu Yen, oncologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “Em alguns casos, o câncer de tireoide pode se apresentar como um nódulo clinicamente palpável, que em geral não é de crescimento rápido, nem doloroso. O diagnóstico passa por exame de imagem, seguido de punção e avaliação do material por patologista experiente. Isso, para casos esporádicos e sem relação familiar hereditária”, explica.
Ainda de acordo com o oncologista, pacientes com histórico familiar podem apresentar mutações voltadas para desencadear o tumor de tireoide. “Por isso, é importante ter um diagnóstico adequado. Dessa forma, conseguimos dividir o câncer de tireoide em tipos, subtipos e variantes, além do folicular e do papilar, que são os cânceres mais comuns, e geralmente tratados com cirurgia e iodoterapia”, observa Dr. Cheng.
Uma vez suspeito e depois confirmado para câncer, o nódulo na tireoide será avaliado, inicialmente, por um cirurgião de cabeça e pescoço. “Esse profissional vai determinar se esse nódulo tem as características para ser tratado apenas com cirurgia (lobectomia ou tireoidectomia), seja ela parcial ou total, ou por outra técnica (como a ablação). Ele também avaliará a baixa morbidade e as complicações que essas cirurgias envolvem. Mas é preciso avaliar caso a caso”, fala Dr. Yen.
A importância do diagnóstico precoce
Uma vez suspeito e depois confirmado para câncer, o nódulo na tireoide será avaliado, inicialmente, por um cirurgião de cabeça e pescoço. “Esse profissional vai determinar se esse nódulo tem as características para ser tratado apenas com cirurgia (lobectomia ou tireoidectomia), seja ela parcial ou total, ou por outra técnica (como a ablação, em casos de nódulo único). Ele também avaliará a baixa morbidade e as complicações que essas cirurgias envolvem. Mas, é preciso avaliar caso a caso”, fala Dr. Yen.
Nas ocasiões em que a realização de cirurgia se faz necessária, o especialista aponta que é importante que o paciente seja avaliado também por um endocrinologista. “Esse especialista precisa participar dessa jornada de tratamento, por conta da necessidade de realizar a reposição de hormônios tireoidianos, em especial, nos casos em que a tireoide é totalmente removida”.
A boa notícia é que, maioria dos casos, os pacientes com câncer de tireoide são curados. “Isso acontece, seja por meio de tratamento por medicina nuclear ou cirurgia. E já existem, também, novas drogas e terapias-alvo voltados para casos mais avançados e refratários a iodo”, conclui Dr. Cheng.