Especialistas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz destacam a importância do controle da obesidade e do diabetes para o desempenho sexual masculino
São Paulo, 16 de agosto de 2022 – A obesidade e o diabetes tipo 2 atingem diretamente o sistema cardiovascular e estão intimamente ligados à disfunção erétil, também conhecida como impotência sexual. No Brasil, a obesidade afeta 26,8% da população, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Já o diabetes atinge mais de 16 milhões de pessoas no país, conforme dados divulgados pelo Atlas da Federação Internacional de Diabetes.
De acordo com a Dra. Tarissa Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a disfunção sexual masculina é, em muitos casos, um sintoma do diabetes, da obesidade ou das duas patologias associadas. Quando o diabetes interfere no desempenho sexual, isso ocorre porque a doença causa uma série de alterações vasculares e sensitivas que comprometem a circulação dos vasos sanguíneos, inclusive da região genital. “Para que o homem consiga manter uma ereção, o sangue deve fluir para o pênis. No entanto, o diabetes tipo 2 interfere nessa vascularização causando dificuldade ou incapacidade de manter a ereção peniana rígida o suficiente para atingir uma atividade sexual satisfatória”, explica a especialista. Portanto, fazer o controle dos níveis glicêmicos e o tratamento adequado para o diabetes, reflete também na saúde sexual masculina.
No caso da obesidade, a disfunção erétil pode ser psicológica ou hormonal. “Alguns homens, quando estão acima do peso, acabam ficando inseguros, abalados, deprimidos e frustrados. E claramente esses sentimentos interferem no desempenho sexual”, assegura e complementa: “Devemos também ficar atentos aos desequilíbrios hormonais que a obesidade traz, a enzima aromatase, encontrada na gordura, que transforma a testosterona em hormônio feminino, fazendo com que o homem perca hormônio masculino quando está acima do peso. Quanto mais gordura, mais ela será convertida em hormônio feminino e maior a dificuldade de ereção”, esclarece a Dra. Tarissa. Nesse caso, o controle do peso com acompanhamento médico é o primeiro passo para recuperar o bom desempenho sexual.
A médica destaca ainda que pessoas com mais de 60 anos, podem confundir disfunção sexual causada pelo diabetes ou obesidade com uma disfunção causada pelo avançar da idade. “Quando o homem é mais velho acaba achando que é normal ter disfunção sexual e pode não ser bem isso. Então, procurar um médico é sempre a melhor forma de detectar e tratar as causas da doença e voltar a ter disposição sexual”, reforça.
Cuidados com os medicamentos facilitadores de ereção
Apesar de não haver estudos brasileiros que determinem e relacionem a obesidade e o diabetes tipo 2 com a disfunção erétil, trabalhos recentes publicados, na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos revelam, respectivamente, que 16% e 25% dos pacientes desses países com diabetes sofrem também de disfunção sexual. Para o Dr. Alexandre Danilovic, urologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, esses dados refletem igualmente a realidade do nosso país. “O que observamos na prática clínica é que cerca de 40% dos homens com mais de 40 anos enfrentam algum tipo de disfunção erétil. E por entendermos que a disfunção sexual é um marcador clínico para doenças cardiovasculares, muitas vezes ligada ao diabetes ou ao excesso de peso, alertamos para a necessidade de procurar ajuda médica”, adverte o especialista.
O Dr. Danilovic chama a atenção para a utilização desenfreada de medicações para o tratamento da disfunção erétil. “Os inibidores da 5-fosfodiesterase (5-PDE), facilitadores de ereção, são bastante seguros e eficientes, mas é importante que o paciente com diagnóstico inicial procure um urologista para uma avaliação, com verificação hormonal e exames cardiológicos para a utilização desses medicamentos com segurança, além de descobrir através do diagnóstico as causas reais do problema”, diz.
Ambos os especialistas asseguram que os tratamentos da obesidade e do diabetes melhoram o desempenho sexual em casos de disfunção e enfatizam também a importância de fazer uma avaliação médica periódica, com exames para o controle da glicose e da pressão arterial e buscar manter um estilo de vida saudável, com prática de atividade física e alimentação balanceada.