BLOCO DA VIDA

Pule Carnaval, mas não pule o check-up

Essencial para a prevenção e detecção precoce de vários tipos de doenças, o check-up pode ser totalmente personalizado para as suas necessidades e te ajudar a se manter saudável o ano inteiro

Já faz algum tempo que o Carnaval não se resume aos quatro dias tradicionais de festa. Logo quando o ano começa, as ruas são tomadas por foliões saudosos e ansiosos e, antes e depois do Carnaval propriamente dito, não faltam blocos de aquecimento e de encerramento. Haja saúde – literalmente, já que os excessos comuns desta época exigem demais do nosso organismo.

Além das dicas básicas de cuidados, como hidratação, alimentação, saúde da pele e proteção contra doenças infecciosas – tudo isso está no especial Bloco da Vida, que você pode conferir nas nossas redes sociais –, saber como anda o funcionamento do seu corpo antes de cair na folia vai te ajudar a curtir a festa com mais segurança, disposição e tranquilidade. E, claro, mesmo que você seja da turma que foge do Carnaval, olhar para a saúde proativamente também é sempre recomendado.

Por isso, aproveitamos esta data tão querida dos brasileiros e convidamos o Dr. Leonardo Piovesan, geriatra e head de Saúde Populacional do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, para falar sobre a importância do check-up. Muito além de exames de rotina, o check-up é um verdadeiro scanner da sua saúde, já que analisa o paciente de forma integral, dos pés à cabeça – e quando falamos de cabeça, também estamos falando de saúde mental que, sim, entra nas indicações. “O check-up é uma jornada do paciente, um olhar próximo para todos os aspectos da sua saúde e que passa por diferentes etapas para chegarmos no melhor desfecho: garantir a saúde e a longevidade com qualidade”, explica o Dr. Piovesan, que coordena o programa de check-up do Hospital.

Para entrar no clima carnavalesco, separamos esse tema amplo e complexo em bloquinhos – assim, você pode tirar suas principais dúvidas e entender melhor esse processo tão importante. Confira!

Sou jovem, saudável e não tenho nenhum sintoma ou dor. Preciso de check-up?

Sempre! Embora a frequência e os exames necessários sejam definidos pelo seu médico, de acordo com informações como perfil, hábitos e histórico familiar, todos nós devemos fazer check-up ao longo de toda a vida, independentemente da nossa condição de saúde. “Diferentemente de quando você vai ao médico porque está com algum sintoma ou dor, o check-up tem como meta a prevenção e a detecção precoce de doenças assintomáticas. Então, o procedimento é realizado em pessoas saudáveis com o intuito de identificar precocemente fatores de risco, ajudando na prevenção e na promoção de saúde, e no diagnóstico precoce de condições que estejam assintomáticas”, explica o Dr. Piovesan. Ou seja, de modo geral, o check-up é focado na promoção da saúde e não no tratamento de doenças. Com os exames adequados em mãos, os pacientes vão poder fazer escolhas melhores, seja qual for o seu perfil.

Quanto mais exames, melhor?

Nem sempre. Muitas pessoas preferem pecar pelo excesso na hora do check-up. Mas isso não só é desnecessário, como também pode ser prejudicial. “O check up deve ser personalizado e baseado em evidências. Dentro do nosso programa no Hospital, todos os procedimentos têm fundamento técnico para serem realizados”, diz o médico. “Existem exames que, quando não indicados, podem dar falsos positivos e desencadear uma sequência de outros exames desnecessários. Por isso, os procedimentos realizados devem ter recomendação especialista.” Como um exemplo corriqueiro, o Dr. Piovesan cita a tomografia de tórax de baixa dosagem para identificar precocemente nódulos no pulmão. “Este exame só é indicado para mulheres e homens fumantes ou ex-fumantes a partir dos 50 anos. Essa população se beneficia da tomografia de tórax, mas se eu submeter uma população com 50 anos ou mais que nunca fumou a uma tomografia desnecessária anualmente, vou expor essa população a uma dose alta de radiação, o que pode, lá na frente, causar outros problemas”, ele explica.

Como vou saber quais são os exames ideais para mim?

De modo geral, como citamos acima, os principais critérios para definir os exames a serem feitos são: ser baseado em evidências e pesquisas. Este é o protocolo básico e diz respeito aos estudos populacionais. Na prática, isso significa que, se temos dados atualizados sobre – para usar um exemplo frequente – a incidência cada vez mais alta de câncer de mama em mulheres com menos de 50 anos, uma paciente nessa faixa etária que apresenta outros fatores de risco, como histórico familiar, má alimentação, obesidade etc., pode ter indicação de incluir antecipadamente a mamografia na sua rotina de exames. Por isso, é essencial que a recomendação dos exames do check-up seja precisa e bem fundamentada.

No programa de check-up do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o paciente passa por três etapas, sendo a primeira dela o check-in, momento em que é feita essa triagem de informações. “O check-in é uma etapa muito importante. É ali que, de acordo com os questionários preenchidos pelo paciente, conseguimos fazer um rastreamento inicial das condições de saúde dele, que incluem hábitos alimentares, prática de atividade física, histórico familiar, histórico de doenças, consumo de álcool, tabagismo, problemas de sono, episódios de depressão e ansiedade, risco para diabetes, entre outros”, conta o Dr. Leonardo. A partir dos scores – a pontuação – do paciente nos questionários, os especialistas desenham a estratégia do check-up. “Por exemplo, se na avaliação identificamos que o paciente tem uma probabilidade alta de desenvolver um transtorno mental, o psicólogo da equipe entrará com uma abordagem diferenciada”, explica o médico.

No check-up, além dos exames personalizados, há um protocolo bem abrangente de avaliações, que envolve uma equipe multidisciplinar composta por enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, cardiologistas, ginecologistas, urologistas, fisiatras, dermatologistas, entre outros especialistas. “Avaliamos o paciente de forma holística. Olhamos sua situação vacinal, se ele está com todas as imunizações em dia, de acordo com o calendário nacional, ou se precisa de alguma vacina específica; avaliamos seus índices corporais, como peso, altura, massa corporal, pressão arterial, circunferência do abdômen, para conferir se tem risco cardiovascular. Olhamos também para o histórico familiar, estilo de vida, atividade física, alimentação, hábitos e vícios, além, claro, dos exames laboratoriais, que são fundamentais para entendermos risco cardiovascular, risco de diabetes ou controle de diabetes, função renal e hepática, e a função tireoidiana, que também entra no protocolo geral. Fazemos ainda o rastreamento de cânceres de acordo com as recomendações e investigamos o comportamento sexual do indivíduo, que pode revelar dados importantes sobre sua saúde física e emocional”, elenca o Dr. Piovesan.

E, para além da prevenção, muitos exames são focados na promoção da saúde pensando lá na frente, como o teste de aptidão física, que avalia aspectos como a marcha e a força muscular – já que estudos revelaram que um dos marcadores da longevidade é a força do músculo. Vale destacar ainda os exames do sono, recomendados para pacientes que, na triagem, também mostraram indícios de ter algum transtorno do sono. “Hoje se sabe que a falta de qualidade de sono pode estar relacionada a problemas de saúde mental, então, quando isso surge no check-in, fazemos uma investigação mais profunda”, diz o Dr. Leonardo.

Qual médico pode me encaminhar para um check-up?

Qualquer especialista da sua confiança, como um cardiologista, ginecologista ou urologista, pode recomendar os exames necessários. No entanto, algumas instituições oferecem o check-up diretamente ao paciente, como é o caso do programa de check-up do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, que atende públicos diversos, inclusive executivos de empresas.

Estou com os resultados em mãos. E agora?

Nada de correr para a internet! Agora é hora de conversar com seu médico e entender os caminhos a seguir a partir dos resultados. Isso pode incluir a mudança ou manutenção de hábitos, adequação de dieta, restrições, indicação para buscar especialistas a fim de tratar ou acompanhar quadros específicos, entre muitas outras alternativas.

É importante lembrar aqui que essa conversa deve ser cuidadosa e levar em conta o estilo de vida e a predisposição a fazer mudanças daquele paciente. “Nós também avaliamos a prontidão para a mudança. Usamos escalas para entender o nível de prontidão de mudança de cada um”, diz o Dr Piovesan. “Por exemplo: um fumante que nega os malefícios do cigarro e não está pronto para parar de fumar e outro que contempla a ideia e, por mais que aprecie o cigarro, entende o risco à saúde que o tabagismo representa. Então, para cada estágio, temos uma abordagem, usamos diferentes estratégias para engajar o paciente em uma mudança importante para a saúde dele. Apesar de, nesta etapa, estarmos lidando com comportamento humano, é um sistema objetivo e que mostra, com dados concretos, àquele paciente os riscos que determinado hábito ou vício traz e a importância de mudá-lo. E sempre ressaltamos que aquele check-up é uma fotografia da saúde dele hoje e que ela pode mudar – para melhor ou para pior – de acordo com as decisões dele. Por isso que o check-up é, acima de tudo, um cuidado longitudinal”, conclui o Dr. Leonardo.

A jornada do paciente

Entenda o passo a passo do programa de check-up do Hospital Oswaldo Cruz

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Na primeira etapa, o paciente responde diversos questionários que ajudarão a mapear seu perfil e suas condições de saúde. Dessa forma, a equipe multidisciplinar do programa consegue definir um check-up personalizado, que atenda às necessidades reais daquele pacienteNa segunda etapa, com duração de cerca de cinco horas, o paciente passa por uma série de exames, avaliações e consultas com foco na sua saúde física e mental e determinados de acordo com os questionários respondidos na etapa anteriorCom os resultados em mãos, o paciente receberá recomendações. E, se for o caso, buscar tratamentos específicos ou implementar melhorias no seu estilo de vida. É neste momento também que o especialista irá explicar como será feito o seu acompanhamento
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