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Colesterol alto não é uma sentença, mas sim sinal de alerta
A primeira vez que o colesterol foi descrito na literatura médica data de 1784, de lá para cá muito se foi estudado e falado sobre essa molécula que pode ser mocinha e vilã da saúde. Em 1985, Michael S. Brown e Joseph L. Goldstein ganharam o prêmio Nobel de Medicina pelas suas descobertas sobre a regulação do colesterol, que provocou uma revolução no entendimento e no tratamento do colesterol ruim que se estende até hoje.
Com tantas informações, é de se espantar que cerca de 40% da população brasileira ainda seja afetada pelo colesterol alto, segundo dados do Ministério da Saúde.
“Mesmo pessoas que adotam dieta balanceada podem apresentar dislipidemia [níveis anormais de gordura no sangue] devido a fatores genéticos. Portanto, é recomendado que todos os adultos façam exames regulares de colesterol a partir dos 20 anos”, comenta o cardiologista e coordenador de práticas médicas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Fábio Gomes.
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CLIQUE AQUIO colesterol é uma gordura encontrada em todas as células do corpo, ele é utilizado na produção de hormônios, vitamina D e substâncias que ajudam na digestão dos alimentos, ou seja, ele é essencial para o funcionamento do organismo.
Porém, o colesterol é dividido em dois tipos, que definem se ele é bom ou mal para a saúde:
- LDL (lipoproteína de baixa densidade): conhecido como colesterol “ruim”, pode levar à aterosclerose, que é o cúmulo de placas de LDL nas paredes das artérias, o que causa obstrução do fluxo sanguíneo.
- HDL (lipoproteína de alta densidade): o colesterol “bom”, ajuda a remover o LDL das artérias.
Os fatores de risco associados ao aumento do colesterol ruim são mais evidentes em pessoas com obesidade, especialmente a obesidade abdominal, tabagistas e aqueles com histórico familiar de doenças cardiovasculares.
Segundo o Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil, com 300 mil mortes anuais, e o colesterol elevado é uma das causas desse dado.
Mas nem tudo está perdido, pelo contrário, o estudo PURE, (Population Urban and Rural Epidemiology), coordenado no Brasil pelo Centro Internacional de Pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em 2022, mostrou que aproximadamente 70% das mortes e dos eventos cardiovasculares poderiam ser evitados com o controle efetivo sobre os fatores de risco, como colesterol alto. O estudo acompanhou uma população de 24.718 pessoas adultas, entre 35 e 70 anos, de 51 comunidades urbanas e 49 rurais no Brasil, Argentina, Chile e Colômbia, durante o tempo médio de 10 anos.
O primeiro passo para controlar o colesterol é conhecer as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), que estabeleceu que os valores ideais de colesterol total devem ser abaixo de 190 mg/dl e HDL acima de 40 mg/dl, sem diferenciação por pessoas de baixo, médio ou alto risco. Para o LDL, os valores variam conforme o risco cardiovascular: abaixo de 130 para risco baixo, abaixo de 100 para risco intermediário e abaixo de 70 para risco alto.
Alguns dos fatores de risco cardiovascular são:
- Tabagismo
- Hipertensão arterial
- Dislipidemia
- Diabetes
- História familiar de doença cardíaca prematura
- Obesidade
- Sedentarismo
Confira no farol quais seus fatores de risco cardiovascular e qual deve ser o seu índice de LDL ou colesterol ruim:
Farol verde
- Sem histórico familiar;
- Ausência de doenças cardiovasculares;
- Alimentação saudável;
- Fisicamente ativos;
- Seu LDL deve ficar abaixo de 130, pois tem risco baixo.
Farol amarelo
- COM histórico familiar;
- Alimentação saudável;
- Fisicamente ativos.
- LDL deve permanecer abaixo de 100, pois tem risco intermediário.
Farol vermelho
- Com histórico familiar;
- Com doenças cardiovasculares, como hipertensão e diabetes;
- Hábitos prejudiciais à saúde, como tabagismo;
- Sedentarismo;
O LDL deve ser abaixo de 70, pois tem um risco alto de eventos cardiovasculares.
Você já conhece o caminho
O grande segredo para o controle do colesterol, não é mais segredo para ninguém, está na prevenção. Que começa por uma dieta balanceada, rica em fibras e pobre em gorduras saturadas, passa pela prática de pelo menos 150 minutos de atividade física moderada ou 75 minutos de atividade intensa por semana, e chega no evitar hábitos nocivos à saúde, como o tabagismo e o consumo de álcool.
Sem desculpas
A alimentação adequada é um dos grandes desafios na busca da vida saudável, evitar alimentos ultraprocessados, que frequentemente contêm altos níveis de gorduras trans, sódio e açúcares, é uma das principais ações. Para isso, é necessário agir, seguem algumas dicas de como começar essa importante mudança de hábito.
- Leitura de rótulos: verifique os rótulos dos alimentos para escolher opções com menor teor de gorduras saturadas e trans. Desde o dia 9 de outubro de 2022, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estabelece a adoção da rotulagem nutricional frontal, facilitando essa identificação.
- Cozinhar em casa: preparar a própria refeição permite maior controle dos ingredientes e métodos de preparo.
- Planejamento das refeições: planeje suas refeições para ter uma variedade de alimentos ao seu dispor e evitar escolhas alimentares impulsivas e menos saudáveis.
“Pequenas mudanças na dieta e na rotina de exercícios podem fazer uma grande diferença na saúde cardiovascular. Além disso, é fundamental realizar exames regulares para monitorar os níveis de colesterol e buscar orientação médica sempre que necessário”, finaliza Dr. Fábio.
Dr. Fabio Gomes,
Cardiologista e coordenador de práticas médicas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz