É comum associar o aparecimento do câncer com o avanço da idade, afinal o envelhecimento celular, fatores genéticos e ambientais influenciam seu surgimento. A verdade é que não existe uma regra clara, afinal o câncer é causado por alterações da estrutura genética (DNA), as chamadas mutações. E os tumores hematológicos, como linfoma, são mais comuns em jovens e adultos jovens.
Para entender melhor, o câncer acontece quando essas células anormais se proliferam e se acumulam, dando origem aos tumores malignos. Estas células podem se desprender e invadir tecidos vizinhos, ou chegar aos vasos sanguíneos ou linfáticos, onde viajam até órgãos distantes, formando as metástases. Os tecidos afetados vão perdendo suas funções.
No caso do Linfoma há a proliferação descontrolada de células do sistema imunológico, ou seja, as que defendem o organismo. Nesse sistema temos os linfonodos, as amígdalas, o baço, o timo, a medula óssea, além de tecidos linfáticos pulmonares e intestinais.
De acordo com o Onco-hematologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Otávio Baiocchi, os linfomas e mielomas podem surgir em todas as fases da vida, no entanto, essas neoplasias, principalmente o linfoma de Hodgkin, são mais prevalentes em adultos jovens com idade entre 15 e 32 anos.
Quando imersos em uma rotina de estudos, trabalho, lazer, pode ser difícil perceber os sinais desta doença. Segundo o Dr. Baiocchi muitos jovens nem imaginam que o mal-estar pode ser Linfoma. “É comum que haja o aumento dos gânglios (ínguas) na região do pescoço, axilas e/ou virilhas. O paciente pode apresentar também febre, coceira na pele, falta de apetite e perda de peso inexplicada, fadiga e suor excessivamente à noite”, explica o especialista.
Os linfomas são divididos em dois tipos principais: Hodgkin e Não-Hodgkin
A principal diferença entre os tipos de Linfoma está nas células que formam o tumor. Dentro desses grupos, existem várias categorias adicionais. E, apesar de poderem surgir em qualquer fase da vida, os de Hodgkin são mais frequentes entre 15 e 32 anos. Os linfomas Não-Hodgkin têm se tornado mais comuns especialmente entre pessoas com mais de 60 anos.
Para classificar o tipo de linfoma, é necessário fazer uma biópsia, que é a remoção de uma amostra do tumor para análise. O patologista examina as células e determina o tipo de linfoma, e então o oncologista decide o tratamento mais adequado com base nos resultados e em outros exames complementares.
Linfoma tem cura?
A boa notícia é que a doença é altamente curável. “Cerca de 80% dos casos são curáveis quando diagnosticados precocemente e tratados. O acesso dos pacientes ao melhor tratamento contribui muito para a melhor recuperação do paciente, permitindo que ele retome suas atividades profissionais e pessoais integralmente, minimizando ao máximo os danos à qualidade de vida”
Dr. Otávio Baiocchi
Onco-hematologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Conheça os principais tratamentos, que podem ser utilizados sozinhos ou combinados, dependendo do tipo e estágio do linfoma, e de acordo com avaliação do especialista para cada caso:
Quimioterapia: Usa medicamentos para destruir células cancerígenas. Pode ser tomada em pílulas ou administrada por via intravenosa.
Imunoterapia (Anticorpos Monoclonais): Estimula o sistema imunológico a atacar as células cancerosas com proteínas criadas em laboratório que se ligam a antígenos específicos nas células do linfoma.
Radioterapia: Usa radiações de alta energia para destruir células cancerosas em áreas específicas do corpo.
Transplante de Células-Tronco: Substitui células sanguíneas danificadas por células-tronco, que podem ser do próprio paciente (autólogo) ou de um doador (alogênico).
Casos mais graves da doença
Ainda na esfera dos linfomas, há um subtipo de Linfoma Não Hodgkin, chamado Linfoma Cutânio de células T ou Micose Fungóide. Uma doença rara, mais grave e complexa, que tem incidencia maior em homens, na faixa dos 70 anos.
Para este tipo de linfoma há indicação de tratamento com uma técnica de radioterapia chamada irradiação total da pele, o HDTSIe – High Dose Rate Total Skin Irradiation with Electrons ou em português, irradiação de toda pele com elétrons utilizando alta taxa de dose.
Essa técnica tem por objetivo tratar toda a pele a uma profundidade de poucos milímetros de forma homogênea, e é realizada por um acelerador linear que emite feixe de elétrons, a uma distância de 3 a 4 metros da fonte de elétrons, permitindo assim irradiar grandes áreas de tratamento. Por realizar a irradiação em alta taxa de dose, o tempo de procedimento é até quatro vezes menor do que as outras técnicas, trazendo mais comodidade ao paciente.
Segundo o Dr. Otávio Baiocchi, o uso desta tecnologia pode aumentar a qualidade de vida do paciente, já que trata-se de uma doença crônica. “Os pacientes diagnosticados com esse tipo de linfoma em estágio avançado sofrem com os sintomas da doença, que causam extrema coceira na pele e feridas que podem gerar infecções mais graves. Com o uso da tecnologia HDTSIe, além de retardar o uso da quimioterapia, os pacientes tem uma diminuição considerável dos sintomas da doença, gerando mais qualidade de vida para esse paciente”, explica o hematologista.