Obesidade infância ou adolescência: uma doença em crescimento

Ilustração de médico avaliando paciente com obesidade, destacando impactos na saúde e cuidados necessários.

A obesidade é uma doença crônica complexa, causada por fatores genéticos, comportamentais, genéticos e ambientais. Além disso, é progressiva; se não tratada, tende a resultar em doenças associadas. Representa um problema de saúde mundial que afeta pessoas de todas as idades, desde a infância até a terceira idade.

O índice de obesidade é alarmante. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade (WOF 2024), até 2035, mais de 750 milhões de crianças (com idades entre 5 e 19 anos) deverão viver com sobrepeso ou obesidade, o que equivale a duas em cada cinco crianças globalmente.

Com dados que nos mostram que a obesidade tem aumentado entre crianças e adolescentes, é importante destacar que, embora a genética seja a principal causa, outros fatores têm influenciado cada vez mais essa condição. “A genética é responsável por cerca de 70% das causas da obesidade em todas as idades, mas há uma combinação com o ambiente e fatores obesogênicos, que incluem aspectos da vida moderna: a falta de tempo, o aumento do consumo de alimentos industrializados e o sedentarismo. No caso específico das crianças, o que é preocupante é que elas estão sendo expostas a essas mudanças ambientais muito cedo, aumentando a chance de desenvolver uma doença relacionada à obesidade, como pressão alta, colesterol alto ou diabetes tipo 2 que, conforme observamos, pode ser até mais grave que na fase adulta”, explica a Dra. Tarissa Beatrice Zanata Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Ainda segundo o relatório do WOF, em 2035 “estima-se que 68 milhões de crianças estarão sofrendo de pressão arterial alta devido ao seu IMC elevado, cerca de 27 milhões estarão vivendo com hiperglicemia devido ao seu IMC elevado, me 76 milhões terão baixos níveis de colesterol HDL devido ao seu IMC elevado”.

Hoje, discutimos cada vez mais sintomas e sinais que antes eram ignorados, como cansaço e dores no corpo. Como explica a especialista: “a obesidade não é apenas uma questão de vontade; ela aumenta a preferência por alimentos altamente palatáveis, como gordura e açúcar, o que pode levar a um estilo de vida mais sedentário”. Por isso, é essencial que as famílias busquem orientação médica para o diagnóstico e tratamento da obesidade, assim como ocorre com qualquer outra doença. Quanto mais cedo o tratamento é iniciado, menores as chances de que crianças e adolescentes sofram com a inflamação causada pela doença e desenvolvam complicações associadas.

Para orientar pais e familiares, a endocrinologista pediátrica do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dra. Ruth Rocha Fraco, respondeu às principais dúvidas sobre o tema. Confira a entrevista:

Qual sinal de alerta para os pais sobre a obesidade em crianças em adolescentes?

A obesidade é uma doença crônica de difícil controle, então o sinal mais importante é a identificação do ganho de peso demasiado em qualquer faixa etária. O tratamento correto desde o início é muito importante para evitar consequências mais serias como o diabetes e doenças cardiovasculares.

O pai/ mãe com obesidade tem que ficar mais alerta?

Sim, justamente por ser uma doença com forte influência genética. Pais com obesidade terão mais chance de terem filhos com mais predisposição a obesidade também. Se um dos pais tem obesidade a chance de o filho ter obesidade é 50%, se os dois pais têm obesidade a chance aumenta para 80%.

Como a obesidade é diagnosticada em crianças/ adolescentes?

Diferente do adulto que a classificação de obesidade é dada por um número fixo de IMC (IMC > 30), para crianças e adolescentes este número varia com a idade e o número não é fixo, por isso, usamos os gráficos de índice de massa corporal.

Quais são os principais fatores que contribuem para a obesidade nessa faixa etária?

Os principais fatores são: genética; sedentarismo (falta de brincadeiras ao ar livre; falta de atividades programadas); excesso de tempo de tela (TV, celular, computador); baixa qualidade de sono; uso de alguns medicamentos (como corticoides); ambiente alimentar obesogênico (com excesso de alimentos industrializados e altamente calóricos com muito açúcar e gordura).

Quais abordagens são mais eficazes para tratar a obesidade em jovens?

O tratamento envolve principalmente a mudança de hábitos; o que não é fácil. Então para o tratamento funcionar bem o primeiro passo é a conscientização sobre a doença obesidade e depois o envolvimento dos adolescentes nas decisões e propostas do tratamento. Um passo muito importante é retirar a culpa que em geral o adolescente sente por estar acima do peso.  Isto leva a baixa autoestima e resistência a mudanças.  O que mais funciona é quando, além do adolescente, a família apoia e ajuda no tratamento, ao invés de apenas cobrar ou jogar toda a responsabilidade para o adolescente.

Como a obesidade impacta a saúde mental das crianças/ adolescentes?

A obesidade pode levar a baixa autoestima, ao isolamento social, a depressão e a quadros graves de ansiedade, o que causa impacto na formação da personalidade e de como este adolescente vai se posicionar na vida adulta. Em geral um adolescente com obesidade pode gerar mais problemas de relacionamento na vida adulta.

Quais estratégias são eficazes na prevenção da obesidade infantil?

A melhor e mais eficaz estratégia é a prevenção da obesidade, que começa na vida intrauterina com o ganho de peso da mãe. Depois a instituição de um estilo de vida saudável desde infância para um melhor controle de peso.

Quais são os desafios no tratamento a longo prazo da obesidade?

A obesidade é uma doença redicivante, ou seja, mesmo após a perda de peso o organismo tenta retornar ao peso anterior, o que torna processo de manutenção difícil e exige envolvimento do núcleo familiar, não só por um período, mas por toda a vida.

Como os pais encaram o tratamento dos filhos? Ainda há muito medo/preconceito?

A maioria das famílias tem dificuldade de entender a obesidade como uma doença e, por isso, muitas vezes tem e dificuldade em aceitar a indicação de um medicamento. Além do mais, o abuso das medicações para obesidade (que causavam dependência e problemas de saúde) no passado, ainda marcam a sociedade e geram medo sobre o tratamento. Mas hoje as medicações são muito seguras e já aprovadas para a adolescentes.

O adolescente com obesidade passará por mais dificuldade na fase adulta?

Sim, pois como exposto anteriormente a recorrência da obesidade é grande e vai acontecer principalmente se não houver mudança no estilo de vida, que seja duradoura. Já a obesidade não tratada vai trazer consequências tanto sociais, como na saúde.

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