SETEMBRO AMARELO

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Tudo às claras: o que você precisa saber sobre o comportamento suicida!

Com dor física ou emocional constante, com sentimentos como impotência, desesperança e tristeza profunda sempre presentes, viver se torna um fardo pesado demais. Para essas pessoas, o caminho é um só: o CUIDADO!
E nesse longo processo, diversos fatores são importantes para pacientes, familiares e para a sociedade em geral. E tudo começa pelo conhecimento e pelas discussões claras sobre o tema.

Vamos começar? Repitam junto: o suicídio é um fenômeno humano deliberado, complexo e multifatorial EVITÁVEL!

Suicídio não é uma doença, mas está fortemente ligado a transtornos mentais

O primeiro pensamento que devemos ter em relação ao comportamento suicida é que o indivíduo está enfrentando algum tipo de dificuldade ou sofrimento. O ato suicida está fortemente associado a diversos transtornos mentais, que têm em comum a interferência na capacidade de leitura crítica sobre a realidade e no controle sobre os impulsos.

Os transtornos mais comuns incluem depressão, transtorno afetivo bipolar, dependência química, transtornos de personalidade (especialmente antissocial e borderline) e esquizofrenia.

No entanto, não existe uma verdade absoluta. Pessoas em situações de vulnerabilidade pessoal, econômica ou social, combinadas com outros fatores biopsicossociais, podem ser suficientes para desencadear uma crise suicida.

O que leva uma pessoa ao suicídio? Confira a resposta de dois especialistas:

Essa não é uma resposta simples porque não há uma única causa que leve ao suicídio. No entanto, uma emoção comum compartilhada pelas pessoas que tentam ou cometem suicídio é o sentimento de desesperança. Trata-se da incapacidade de enxergar qualquer propósito ou razão para continuar vivo diante de um sofrimento vivido.” – Dr. Alaor Carlos de Oliveira Neto, Head do Serviço de Psiquiatria do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.


Por ser um fenômeno multifatorial, não é possível identificar apenas uma causa para esse comportamento. O suicídio resulta de uma complexa interação de fatores psicológicos, biológicos, culturais e socioambientais. Assim, quando falamos de suicídio, estamos falando da consequência final de um processo que se desenvolveu ao longo da vida de uma pessoa, acumulando fatores ao longo do tempo.” – Rafael Brito, Psicólogo Hospitalar do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Ou seja, não é possível determinar uma única causa, assim como na maioria das doenças. Os questionamentos sobre o comportamento suicida muitas vezes são carregados de certezas e pré-conceitos sem embasamento seguro e consistente.

O suicida não necessariamente quer morrer

Embora o desfecho seja evidente, a resposta para essa pergunta é tão complexa quanto o caminho que leva a esse ato tão definitivo. O comportamento suicida está geralmente associado a algum tipo de sofrimento — seja físico, psíquico, social, existencial ou espiritual. Para a pessoa nessa situação, esse sofrimento é percebido como intenso, insuportável, irremediável ou interminável.

Como a percepção da realidade dessa pessoa fica distorcida, ela não consegue enxergar soluções ou oportunidades de mudança. Sem vislumbrar alternativas, a única forma que parece haver para acabar com a dor é o suicídio. Assim, a tentativa de suicídio é, muitas vezes, uma tentativa de eliminar o sofrimento, não necessariamente de acabar com a própria vida.

Ele só quer chamar a atenção?

O comportamento suicida como uma tentativa de chamar a atenção é um dos maiores mitos sobre o tema. Qualquer pessoa que apresente sinais comportamentais ou fatores de risco merece um olhar mais atento e, em muitos casos, uma avaliação em saúde mental. Na dúvida, procure um profissional especializado”, orienta Rafael Brito.

Suicida não avisa!

Estamos lidando com um ato complexo, onde não é possível estabelecer padrões universais entre as pessoas que cometem suicídio. Segundo o psicólogo Rafael Brito, é totalmente possível que uma pessoa com comportamento suicida passe despercebida aos olhos menos atentos. Por isso, é crucial estar alerta aos sinais comportamentais e procurar ajuda quando necessário.

A “cura” do comportamento suicida

Tradicionalmente, referimos cura como a eliminação completa de uma doença ou condição, restaurando o indivíduo à sua saúde plena. No entanto, quando falamos de suicídio, a definição de cura se torna mais complexa e abrangente,” explica o Dr. Alaor Neto.

Segundo o especialista, não existe uma “cura” no sentido de eliminar completamente o risco de uma nova tentativa ao longo de toda a vida. O suicídio é um fenômeno multifatorial, influenciado por diversos fatores biológicos, psicológicos, sociais e ambientais. Mesmo com tratamento e acompanhamento adequados, o risco nunca é totalmente eliminado. “A cura, neste contexto, refere-se à garantia de uma melhoria na qualidade de vida e à redução do sofrimento,” complementa o médico.

Tratamento para o comportamento suicida

Assim como tudo relacionado ao tema, o tratamento adequado é definido de acordo com cada paciente e situação. Utilização de medicamento, internação, seja domiciliar ou hospitalar, acompanhamento em tempo integral e restrição ao acesso a meios potenciais para o suicídio são algumas das condutas adotadas no caso.

Em comum está o acompanhamento psicológico e psiquiátrico, que tem o objetivo de auxiliar a pessoa a desenvolver mecanismos de enfrentamento de seus problemas, corrigir o funcionamento neuroquímico do cérebro (se houver constatação de alteração), além de construir uma rede de apoio sólida, tratar os transtornos mentais subjacentes e encontrar significado e propósito na vida.

Papel das pessoas próximas

As pessoas próximas têm um papel fundamental na prestação de suporte à pessoa com comportamento suicida, seja na prevenção, no tratamento ou na pós-ocorrência. Os amigos e familiares são geralmente a parte mais importante da rede de suporte, podendo auxiliá-la em suas diferentes demandas. O importante é perceber que cada pessoa tem necessidades diferentes, e o suporte precisa adaptar-se a essas necessidades. Não se deve impor valores ou soluções pessoais, mesmo com a intenção de ajudar. O paciente com comportamento suicida precisa de acolhimento e empatia, não soluções imediatas,” define Rafael.

Sinais de comportamento suicida em cada um

Dr. Alaor faz uma pergunta: “A forma como hoje me sinto é a maneira como sempre levei minha vida?” Segundo ele, com a resposta a esse questionamento é possível perceber em si mesmo o risco suicida, ligado à percepção de um estado não natural de vivência de suas emoções em relação à própria história.
Além disso, é importante ficar atento a:

  • Sentimentos de desesperança, desamparo e desespero;
  • Impulsividade e uso abusivo de substâncias;
  • Preocupação ou desejo com a própria morte;
  • Alteração nos níveis de atividade;
  • Mudanças repentinas de humor;
  • Isolamento;
  • Variação nos hábitos alimentares ou de sono;
  • Diminuição do rendimento escolar ou produtivo;
  • Comportamentos de risco ou autoagressão.


Todos são sinais de alerta que devem ser monitorados mais de perto.

Para encerrar

O suicídio, seja na forma de ideação ou tentativa, deve ser compreendido como um chamado por ajuda. As pessoas que tentam suicídio estão em grande sofrimento, e é um mito social dizer que quem tenta o suicídio não fala sobre o tema ou não avisa sobre o seu sofrimento; ao contrário, a pessoa sob maior risco suicida costuma abordar o assunto de forma mais recorrente, confessa sentir sentimentos de desesperança e culpa, e reforça uma visão negativa sobre o futuro e sobre si mesma,” – Dr. Alaor Carlos de Oliveira Neto, Head do Serviço de Psiquiatria do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

O sofrimento mental pode ser paralisante, ou até mesmo gerar sentimentos incapacitantes como culpa ou vergonha. Pensamentos de que não existe solução possível para o problema também podem desmotivar a pessoa a procurar ajuda. Por isso, é importante contar com a rede de suporte em momentos de dificuldade. Oferecer suporte e acolhimento, com uma escuta atenta, empática e sem julgamentos, é essencial. Manter-se presente na vida da pessoa, propiciar espaços de descontração, lazer e autocuidado pode auxiliar na restauração da sensação de bem-estar e contribuir para a retomada da perspectiva de vida,” – Rafael Brito, Psicólogo Hospitalar do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Psiquiatria Saúde mental Texto

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