O que você precisa saber antes de aderir à moda do psyllium
De tempos em tempos, surge um novo suplemento queridinho nas academias. Mas, antes de aderir às novidades, é preciso conhecer um pouco mais sobre o que está em jogo. A estrela da vez é o psyllium, que está sendo chamado de “Ozempic natural“. Mas será que é mesmo?
O psyllium é uma fibra alimentar solúvel de origem vegetal e ganhou o apelido de versão natural do medicamento para obesidade por estar sendo associado à perda de peso e ao controle do apetite — uma promessa tentadora, especialmente com a popularização de medicamentos como a semaglutida (substância presente no Ozempic), usados sob prescrição médica no tratamento da obesidade e diabetes.
Para esclarecer se essa promessa é real, ouvimos a nutricionista Thaís Sarian, do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Ela afirma: “Isso se trata de propaganda enganosa. O psyllium tem um efeito discreto na saciedade, e não existe nenhum alimento ou suplemento que apresente a mesma atuação da semaglutida.“
Derivado da casca das sementes da planta Plantago ovata, o psyllium forma um gel ao ser misturado com líquidos, aumentando o bolo fecal e melhorando o funcionamento do intestino. Além disso, sua viscosidade pode atrasar o esvaziamento gástrico, promovendo uma maior sensação de saciedade.
Qual a real finalidade do psyllium?
Apesar da distorção nas redes sociais, o psyllium tem, sim, aplicações positivas na rotina alimentar, sempre com orientação profissional. Segundo a nutricionista Thaís Sarian, ele pode ajudar no controle da glicemia e do colesterol, além de regular o intestino. “O gel que é formado também pode ajudar a retardar a digestão e a absorção dos carboidratos, o que pode ser útil para pessoas com diabetes tipo 2, por exemplo”, explica.
Na cozinha, o psyllium também se mostra versátil: pode ser adicionado à composição de pães, bolos e panquecas, especialmente entre pessoas que seguem dietas com restrição de glúten.
Alerta da especialista
O uso inadequado do suplemento pode trazer riscos. “Se consumido sem água suficiente, pode agravar a prisão de ventre ou até causar obstrução intestinal. Em excesso, pode provocar gases, cólicas e ainda atrapalhar a absorção de medicamentos”, alerta a nutricionista.
A lista de contraindicações é significativa: pessoas com hipersensibilidade à Plantago ovata, crianças com menos de seis anos, indivíduos com distúrbios gastrointestinais ou com dificuldades no controle do diabetes.
Escute a profissional
“A obesidade é uma doença e precisa ser tratada com seriedade. Nenhum alimento ou suplemento, por si só, é capaz de promover perda de peso de forma isolada. Por isso, é sempre importante contar com o acompanhamento de uma equipe médica e assistencial capacitada para o manejo adequado da condição”, finaliza Thaís Sarian.