O velho ditado diz que rir é o melhor remédio quem o inventou não deve imaginar que, sob a perspectiva da medicina, a afirmação é bastante precisa. Mais que remédio, aliás, a risada funciona como um ótimo preventivo, atuando diretamente em nossa qualidade de vida. Segundo o Dr. Fábio de Cerqueira Lario, cardiologista e clínico médico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o riso e a gargalhada, associados ao bom humor, podem, de fato, trazer uma série de benefícios práticos para a saúde. “Estudos mostram que o bom humor está associado a melhoras comportamentais, biológicas e psicossociais.
Pessoas bem-humoradas têm maior probabilidade de praticar mais exercícios físicos, fazer escolhas mais saudáveis em suas dietas e evitar hábitos prejudiciais”, defende. Para o especialista, o humor positivo também está ligado à melhoria da imunidade, à redução de processos inflamatórios e dos níveis de cortisol (o hormônio do estresse) e à melhora do equilíbrio do sistema nervoso autônomo. Ele cita, ainda, seus benefícios sociais: “Pessoas bem-humoradas reagem melhor às adversidades, tendem a se conectar com mais gente e também a receber mais suporte dos outros.”
O cardiologista conta também que já há estudos que associam o bom humor à redução de risco de infarto, derrame e morte embora existam dúvidas, do ponto de vista científico, se o humor é a causa dessa redução ou apenas um registro de bons hábitos e melhor suporte social, o que sabidamente diminui esses riscos. Seja como for, sua influência é sempre benéfica. “Sobre a risada e o bom humor, acredito que a conexão entre eles é como a velha história do ovo e da galinha. Um leva ao outro e vice-versa. A relação entre eles é fundamental para a saúde”, diz. Confira, a seguir, outros benefícios e curiosidades sobre o riso.
DOS PÉS À CABEÇA
A combinação entre riso e bom humor traz benefícios para a saúde física e mental: ajuda a proteger o coração, a controlar a pressão arterial e a melhorar a imunidade. Além disso, pessoas bem-humoradas são mais propensas a desenvolver conexões sociais e estabelecer um estilo de vida mais ativo.
O RISO E OS ESTÍMULOS
Estudos comprovam que é possível “dar a partida” em certos comportamentos no cérebro por meio de estímulos, como a música, por exemplo, que, quando agitada, nos deixa propensos à tomada de decisões mais imediatas. Nesse sentido, a risada é uma forma de condicionar o cérebro ao bom humor. Quanto mais rimos, mais queremos rir. Não à toa, aqueles antigos programas de TV tinham aquela plateia rindo ao fundo para induzir os espectadores a fazer o mesmo.
MELHOR QUE UM CREMINHO
Você sabia que uma risada ativa 12 músculos faciais? Esse número sobe para 24 com uma boa gargalhada. Toda essa movimentação ajuda, inclusive, a manter a pele bonita, já que alivia a tensão local e, assim, tonifica o rosto, evitando o surgimento de rugas.
MENOS ESTRESSE, MAIS ENDORFINA
É comprovado que a associação entre o riso e o bom humor reduz os níveis de cortisol no corpo. Quando estamos passando por algum tipo de estresse, de ordem física ou emocional, essa diminuição é ainda mais rápida e eficaz. Já a sensação de bem-estar provocada logo após uma boa gargalhada é consequência direta da endorfina, uma substância natural produzida pelo cérebro.
RISADA AERÓBICA
Durante uma risada ou gargalhada, diversos músculos pelo corpo são contraídos repetidamente, provocando o aumento do gasto calórico. Estudos sugerem que 15 minutos de riso contínuo podem queimar 40 calorias para colocar em perspectiva, os mesmos 15 minutos caminhando a 5 km/h queimam, em média, de 80 a 90 calorias.
A MEDIDA DA RISADA
O riso também é responsável pela elevação da frequência cardíaca. Em contrapartida, o aumento da pressão intratorácica pode provocar a redução da velocidade de retorno sanguíneo para o coração e, por meio de um reflexo do nervo vago (responsável por modular os estímulos ao coração), pode acontecer também uma redução da pressão arterial e da frequência cardíaca. Isso significa que, durante uma gargalhada muito vigorosa e prolongada, pode haver tonturas ou, em situações extremas, desmaio.