UM BRINDE À MODERAÇÃO

Entenda os benefícios que o vinho pode proporcionar à saúde e saiba por que é importante não ultrapassar a dose recomendada da bebida.

Há uma crença que diz que uma taça de vinho por dia mantém o médico longe (do ditado adaptado em inglês: A glass of wine a day keeps the doctor away). Para a alegria dos preciadores da bebida, há alguma verdade em dizer que o vinho traz benefícios à saúde, mas é preciso tomar cuidado para não levar a expressão totalmente ao pé da letra e ignorar os seus efeitos negativos. Segundo o Dr. Gustavo Arruda Braga, cardiologista do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o segredo está na moderação. “O que temos de evidência em estudos observacionais é que, desde que em doses moderadas, o vinho e outras bebidas alcoólicas trazem algum benefício em termos cardiovasculares. De maneira geral, podem aumentar o bom colesterol (HDL), em torno de 10% a 12% em média, e também reduzir discretamente o colesterol ruim (LDL)”, diz.

No entanto, o especialista alerta para o fato de que, mesmo com os benefícios comprovados, estudos com pacientes ainda não demonstraram de forma satisfatória a relevância desses para a saúde. “É um assunto que desperta muita controvérsia entre os médicos. O ideal é que seja tratado pelo médico com cada paciente, caso a caso”, diz, ressaltando a dificuldade de estabelecer o que seria uma dose segura. “A recomendação geral mais aceita é de uma dose diária para a mulher e duas para o homem, mas é preciso analisar as condições de cada indivíduo.” Importante observar ainda que, ultrapassada a dose recomendada, os riscos para a saúde aumentam bastante. “Acima de três unidades por dia, já se observa aumento de pressão arterial, risco de AVC, arritmia cardíaca e outros problemas”, alerta o Dr. Gustavo.

A seguir, o especialista esclarece outras dúvidas sobre a bebida.

Alguns estudos sugerem que a bebida alcoólica em doses moderadas possui efeitos anti-inflamatórios e antitrombóticos, tornando o sangue um pouco mais fino e evitando a formação de trombo na circulação. O vinho, especificamente, possui flavonoides e resveratrol, substâncias que podem atuar aumentando os agentes antioxidantes, como o ácido nítrico, o que colabora com a circulação. Vale lembrar, no entanto, que esses benefícios ainda são especulativos, já que os estudos até hoje ainda não conseguiram comprová-los.

Ao beber vinho, há uma dilatação dos vasos, principalmente dos pequenos, chamados de capilares, que causa esse rubor.

A quantidade que se supõe benéfica é de uma dose por dia, que equivale a 80ml de vinho. Vale ressaltar, no entanto, que o ideal é conversar sempre com o seu médico para estabelecer uma dose segura, de acordo com as características do paciente, predisposição genética e histórico de doenças graves, entre elas o alcoolismo, no qual não se deve, de forma alguma, ingerir bebida alcoólica.

Não há comprovação sobre isso. Componentes presentes no vinho, como flavonoides, não têm impacto bem estabelecido sobre o metabolismo ósseo. Por outro lado, doses acima do recomendado têm efeito prejudicial, aumentando o risco de fratura, por exemplo.

É tudo questão de peso e metabolismo. O metabolismo feminino é diferente do masculino, e as mulheres também possuem massa corporal distinta. Sendo assim, a carga de álcool que elas podem tolerar, no geral, é menor.

Apesar dos estudos observacionais que apontam para os benefícios do vinho em doses moderadas para o coração, documentos da Sociedade Europeia de Cardiologia e da Associação Americana de Cardiologia não endossam a recomendação populacional do consumo de álcool – incluindo o vinho – como estratégia cardioprotetora.

É o resultado de estudos que indicam que a mortalidade cardiovascular na França é quase a metade da dos Estados Unidos, acreditando-se que isso possa se dever, em parte, ao consumo moderado de vinho pelos franceses. Ao mesmo tempo, esse estudo é contrariado pela informação de que, entre os países desenvolvidos, o Japão tem a menor mortalidade cardiovascular. Lá, o consumo per capita de vinho é equivalente a um sexto do da França.

Acima de três doses por dia, já se observa aumento de pressão arterial, risco de AVC, arritmia cardíaca e insuficiência cardíaca. Além da parte cardiovascular, álcool em excesso está ligado a câncer, doença hepática, renal, aumento do risco de traumas, violência, depressão e outros distúrbios físicos e mentais.

Em doses pequenas, o vinho pode contribuir para reduzir a resistência à insulina ou aumentar a sua sensibilidade, o que é considerado bom. Já em doses maiores, pode engordar, já que a carga de glicose elevada pode alterar os índices glicêmicos e também os triglicerídeos.

O diferencial do vinho sobre outras bebidas alcoólicas são os compostos polifenólicos (resveratrol e flavonoides), que também podem ser encontrados em outros alimentos: o resveratrol, em suco de uva; e o lavonoide, na cerveja escura, por exemplo.

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